Ciúme estabelece uma relação entre opressor e oprimido

por Karina Simões

Insegurança, posse, inveja, rejeição e competição – e não apenas o medo da perda – são alguns dos componentes que constituem o complexo de sentimentos que envolve o ciúme. 

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Muitas vezes confundido como zelo, até porque etimologicamente, zelus originou-se do latim vulgar zelumen, e que vem do grego zelosus. O sentido encontrado é de cuidar, tomar conta para que não se perca algo. Assim, zelumen tornou-se zelo. No zelo, encontramos uma relação altruísta. No ciúme, nos deparamos com uma relação egoísta.

Sentir ciúme demais pode não ser saudável a você mesma e nem à relação. O ciúme aprisiona, inibe o outro e estabelece uma relação com papéis de oprimido versus opressor. O ciúme constitui um conjunto de sentimentos agregados no enfoque da desconfiança.

Diferença entre ciúme normal e patológico

Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta especializado no assunto, Eduardo Ferreira Santos, o ciúme normal é aquele que, diante de determinadas situações de risco de exclusão ou perda, o sujeito fica inseguro, porém tem a liberdade de compartilhar suas dúvidas com o outro, podendo assim, mudar suas conclusões. Já o ciúme patológico é aquele que sempre se demonstra ansioso, alerta com tudo, inseguro sempre, temendo ser enganado ou traído a qualquer momento.

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Assim o ciúme pode se tornar patológico quando se reporta à perda do objeto amado ou desejado e que induz à hipervigilância e causa dor. É gerada assim uma relação de dependência do parceiro (a), anulando-se para a vida própria.

De acordo com o médico e psicanalista Isaac Mielnik no seu livro “Comportamento infantil”, o ciúme é uma reação que pode acontecer diante da real ou ilusória perda de afeto. O ciúme pode ser fruto de um desequilíbrio emocional, que se inicia muitas vezes na infância, se desenvolve e pode reverberar em atitudes e comportamentos na vida adulta.

Reflita um pouco sobre esse sentimento tão ameaçador, pois: "O ciumento passa a vida tentando descobrir o segredo que irá destruir a sua felicidade"
Frase do pensador sueco Axel Oxenstiern (1583-1654).

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