Pessoas com poucos problemas são mais felizes?

por Lilian Graziano


Ela mudou a própria vida: mudou-se de casa, transformou o cabelo, eliminou diversas questões que a incomodavam. Hoje, segue seu cotidiano tranquilo de afazeres que escolheu para si.

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Agora, pasme: nem por isso essa pessoa de quem falamos é mais feliz ou realizada do que quando dizia que tinha muitos problemas. Esse recorte poderia ser a sua história, leitor, leitora, e se engana quem pensa que a ausência de problemas é um indicativo de felicidade.

Aliás, eles sempre existem. Quando não há dinheiro, por exemplo, a questão é não poder pagar as contas elementares. Mas, quando há, pode ser um problemão a batida no carro importado, com um seguro que resolveu não cobrir os custos do acidente, em um litígio desgastante a se arrastar por meses, anos. Ou, então, ocorre a morte quase insuperável de um ente querido pelo qual nada se pôde fazer, mesmo com dinheiro. Enfim, os entraves com os quais temos de lidar estão sempre aí, nas várias formas em que se apresentam. E, como o impacto deles é subjetivo (não se pode dizer que o problema do outro é maior do que o seu e vice-versa), a realização plena é mesmo um desafio paras as teorias da Psicologia e do comportamento.

Mas, o que fazer, então, para ser feliz? Afinal, o que é felicidade?

Para a Psicologia Positiva, cunhada como tal pelo psicólogo estadunidense Martin Seligman, no final dos anos 90, ser feliz é, após um balanço da vida, constatar que temos, equilibradamente, bons e maus momentos, que os bons superam os maus em intensidade e frequência em nossa memória. É quando se pode dizer que se está satisfeito com a vida. É quando a plenitude está, de fato, presente em nosso dia-dia.

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A Psicologia Positiva trata não só de problemas ou doenças, mas, com seu caráter preventivo, promove a educação emocional exatamente para que, na existência de qualquer obstáculo, seja possível lidar com tal fato com atitudes positivas, salvando-se aprendizados e não prejuízos. Promove, sobretudo, uma característica chamada resiliência, que é a nossa capacidade de superar um obstáculo e seguir adiante. Por atitudes positivas frente a um acontecimento entenda-se a mobilização prática e funcional de nossos recursos (ou forças pessoais) para superá-lo. É ter o foco na solução, no que é possível modificar e que de fato depende da gente. É não fixar-se no problema em si, o que nos paralisaria e desviaria nossa atenção de uma atuação mais produtiva para o momento.

Como se vê, se os problemas nunca cessam, a felicidade deve incluí-los. Sabe-se também, com isso, que a superação deve ser contínua. Mas tudo deve ocorrer de forma saudável e os recursos pessoais, para tanto, devem ser aprimorados. Podemos aplicar esse movimento a todos os setores da vida: relações de amizade, familiares, trabalho… passo a passo, respeitando nossas características e tempo, mas sempre com a intenção de mudar (e para melhor).

Dessa forma, em linhas gerais, quando falamos de Psicologia Positiva estamos falando de um movimento científico cujo foco é o estudo das emoções positivas (alegria, otimismo, gratidão etc) das características positivas das pessoas e também das instituições que são capazes de promover o que chamamos de florescimento humano.

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Neste espaço, por fim, pretendo falar de como mobilizaremos esses recursos. Falar de realização, escolhas (de olhares sobre essas escolhas), desafios que se impõem na vida. Inauguro aqui, um fórum aberto ao desenvolvimento pessoal e profissional sob o viés da Psicologia Positiva. Quer participar?

Te espero aqui.