Como agem pais competentes?

por Antônio Carlos Amador

Alguns adolescentes se transformam em adultos confiantes, competentes, realizadores, seguros de seu próprio sentido de identidade e de suas relações familiares, enquanto outros saem da adolescência sem destino definido, pouco independentes, com baixa autoestima, ineficientes, amargos e alienados ou vítimas de problemas psicológicos. Uma única explicação para isso não é fácil, pois muitos fatores podem influir: desorganização social, influência perturbadora dos companheiros, discriminação, pobreza, escolarização deficiente e, até mesmo, fatores hereditários.

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Não obstante, vários estudos na área da Psicologia do Desenvolvimento tem indicado nos últimos 40 anos que dentre as influências específicas que podem auxiliar ou dificultar um adolescente no enfrentamento das demandas do mundo contemporâneo, estão as atitudes e comportamentos de seus pais. Mas de que tipo de pais estamos falando? Há os que podem amar e os que rejeitam, os calmos e os ansiosos, os rígidos e os flexíveis, os envolvidos com os filhos e os ausentes.

Autoestima e autoconfiança

Os filhos precisam de pais amorosos e interessados, em quem possam confiar e encontrar segurança. Sem as manifestações claras e fortes do amor deles a criança ou o adolescente tem pouca possibilidade de desenvolver autoestima, de estabelecer relações construtivas com os outros e um sentimento de autoconfiança. Com o carinho e o cuidado afetuoso dos pais o jovem se torna capaz de vencer obstáculos aparentemente insuperáveis.

Por outro lado, a hostilidade, a rejeição, ou a negligência dos pais são perniciosas e mais comuns na vida de várias crianças e adolescentes que apresentam problemas como dificuldades intelectuais ou escolares, dificuldades de relacionamento social com os companheiros e com os adultos, transtornos mentais e comportamentos antissociais.

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Autodisciplina

Embora a presença de pais que manifestem amor, carinho e aceitação, que saibam ouvir seus filhos seja necessária, ela não é suficiente. Para enfrentar suas dificuldades, para viver no mundo adulto, os adolescentes necessitam de independência, autoconfiança, adaptabilidade e um quadro pessoal de valores. Mas também precisam de disciplina, ou melhor, de autodisciplina. Essas qualidades são melhor desenvolvidas quando os pais mostram respeito pelos filhos, envolvendo-os em assuntos e deliberações da família e os encorajam a ter independência adequada à idade, mas também conservam a responsabilidade final com confiança.

No século passado, a psicóloga norte-americana Diana Baurind denominou essa categoria de pais competentes. São pais que demonstram e exercem a autoridade, sem serem autoritários, autocráticos. Eles valorizam tanto a vontade própria, autônoma dos filhos como o comportamento disciplinado. Encorajam o diálogo e, quando fazem uso da própria autoridade, na forma de demandas ou proibições, explicam por que o fazem. São pais que realmente sabem ouvir. Eles sabem que um dia seus filhos vão viver suas próprias vidas. Quando os filhos explicam o que querem fazer, eles conversam a respeito. Às vezes alertam para as consequências que seus atos podem ter, ou então dão conselhos. Outras vezes, simplesmente dizem não. Mas, quando o fazem, explicam por que, tornando as coisas mais fáceis.

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