Como tratar da prisão de ventre infantil

por Jocelem Salgado

A constipação intestinal é usualmente definida em termos de mudanças na frequência, tamanho, consistência ou facilidade de passagem das fezes.

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Constitui um problema comum na prática pediátrica. Estima-se que uma em cada dez crianças requeira atenção médica para a constipação em alguma época da vida.

Tratamento

Nos quadros de constipação aguda, a criança tem boa resposta quando se faz a correção de fatores precipitantes e o tratamento sintomático. Deve-se aumentar o aporte de fibras na dieta. Quando só a dieta não é suficiente para o controle do quadro, deve-se instituir a utilização de laxativos por períodos curtos (3-4 dias). Raramente, necessita-se do uso de enemas ou supositórios. Nos quadros de constipação crônica, deve ser direcionada a causa básica. Sendo assim, pode-se citar como exemplos: reposição de hormônios tireoidianos, no hipotireoidismo; retirada do segmento agangliônico na doença de Hirschsprung clássica.

A quantidade de fibras fornecidas à criança durante o tratamento é geralmente empírica, pois é muito difícil determinar com exatidão, quanto, em gramas, a criança está ingerindo, principalmente devido ao fato de as crianças constipadas terem uma alimentação muito irregular e inadequada. Procura-se assim, no momento em que se institui a alimentação com fibras como medida terapêutica, corrigir a alimentação da criança tornando-a adequada qualitativa e quantitativamente e, também, acertando os horários das refeições. Assim, espera-se pelo menos fornecer uma quantidade de fibras que esteja atendendo às necessidades do paciente.

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Ingestão hídrica

O fornecimento de líquidos é muito importante na determinação da consistência fecal. Assim, deve-se fazer uma rigorosa recomendação de ingestão hídrica, em crianças constipadas, de cerca de 1 a 2 litros de líquido por dia.

Sintomas de prisão de ventre em crianças

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Os sintomas de prisão de ventre em crianças podem incluir:

– Evacuação menos frequente do que a usual.

–  Posturas que indicam que a criança está prendendo as fezes, como ficar na ponta dos pés e depois rolar de volta para os calcanhares, apertar os músculos das nádegas e outros comportamentos diferentes semelhantes a uma dança.

–  Dor e cólica abdominal.

–  Fezes duras, secas ou grandes.

–  Evacuação dolorida ou difícil.

–  Fezes na roupa debaixo da criança.

Dicas:

• Organize os horários das refeições (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), isso fará com que haja maior consumo de alimentos e maior ingestão de fibras;

• Nunca substitua alimentos salgados por leite, iogurte, sucos e líquidos em geral;

• Introduza frutas, saladas de frutas, vitaminas, sucos naturais nos lanches intermediários;

• Aumente o consumo de verduras e legumes. Se a criança apresenta dificuldade em consumir esses alimentos, utilize-os na forma de bolinhos, misturado ao arroz, no meio de molhos de macarrão (pode-se dar nomes divertidos às preparações, como por exemplo: macarrão com couve-flor = macarrão com flocos de nuvens);

• Tomar de 8 a 10 copos de água por dia. Ingerir bastante água é fundamental para o bom funcionamento do intestino. Se a criança não toma, inicie com um a dois copos por dia e vá aumentando aos poucos.

Alimentos permitidos

Iogurte
Granola ou outros cereais como a aveia
Verduras (alface, almeirão, couve, rúcula)
Legumes (abóbora, cenoura, beterraba)
Trigo para salada
Frutas (mamão, pêssego, ameixa, laranja, abacaxi, pêra)
Pão integral
Barra de cereais
Bolachas integrais
Arroz integral
Macarrão integral
Água de coco, chá, sucos
Nozes e frutas secas
Leite
Queijos frescos

Alimentos Proibidos

Frituras
Alimentos gordurosos
Chocolates
Alimentos que levam a produção excessiva de gases: brócolis, couve-flor, cebola, feijão
Temperos fortes
Doces concentrados
Embutidos em geral

Classificação da constipação intestinal quanto à etiologia (causa):

A constipação pode ser classificada em orgânica e funcional.

Orgânicas

São aquelas em que o fator etilológico é conhecido. Podem ser classificadas como a seguir:

Causas neurogênicas – doença de Hirschsprung, pseudo-obstrução intestinal crônica, desordens do sistema nervoso central (SNC) como: meningomielocele, tumor, paralisia cerebral e hipotonia.

Causas anais – fissuras, ânus anteriorizado, estenose e atresia anal.

Causas endócrinas e metabólicas – hipotireoidismo, acidose renal, diabete insípido e hipercalcemia.

Uso de drogas – metilfenidato, fenitoína, imipramina, fenotiazida, antiácidos e medicamentos contendo codeína.

Funcionais

São aquelas em que o fator etiológico é desconhecido. Segundo descrições da literatura, correspondem a 95,0% das constipações apresentadas pelas crianças.

Conclusão

A constipação intestinal infantil merece destaque por se tratar de um problema que atinge um elevado número de crianças e pode ser identificado e tratado com facilidade se percebido no início. O tratamento impulsiona um aumento na ingestão de fibras e líquidos, além da disciplina no momento das refeições. E apenas em casos mais graves o uso de laxantes ou supositórios.