Problemas com a ‘chefa’

Por Roberto A. Santos

"Estou trabalhando com uma mulher decidida e dominadora, mas estou me sentindo muito mal com seu assédio moral – aparentemente ninguém é bom o bastante para secretariá-la, e isso está minando minha autoconfiança. Já enviei 'cv' para vários lugares. Por que tantos executivos são assim, numa época em que qualquer revista fala sobre como liderar e como motivar funcionários? Serão esses executivos burros, tapados e analfabetos?"

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Resposta: Infelizmente você faz parte de um grupo crescente de subordinados a chefes (não dá para chamá-los de líderes…) que confundem ser 'decidido' e 'forte' com ser mal-educado, explorador, ditador até. Parece que esse problema é ainda pior quando se trata de 'chefa' que tenta sublimar sua feminilidade para parecer de uma forma estereotipada, o que pior existe de chefes do gênero masculino. Acho que você está totalmente certa em se esforçar para evitar que sua autoconfiança seja abalada. Nenhum chefe – masculino ou feminino – vale essa perda que pode afetar seu desempenho futuro também, pois inconscientemente, pode ficar a dúvida se havia alguma razão para tais assédios. Fique tranquila, nenhum problema de desempenho justifica assédio moral. Não se esqueça em usar seu crivo durante sua entrevista, para evitar um novo chefe 'burro, analfabeto ou tapado'.

Problemas com a 'chefa' II
"Estou num dilema tremendo. Tenho pós-graduação em português e graduação em tradução. Amo essas áreas, mas trabalho há 15 anos no serviço público, sete deles na área de comércio exterior. Odeio o que eu faço e não tenho afinidade nenhuma com a minha chefe. Poucas empresas pagam o que ganho atualmente. Não sei se me demito e vou à procura de vagas para tradutora ou revisora ou mudo definitivamente de área e saio do serviço público."

Resposta: É muito comum e compreensível se confundir com o que se faz, baseado em uma preferência vocacional importante, com o ambiente em que fazemos e/ou com quem trabalhamos… como parece que é seu caso. Você ama sua profissão, detesta o serviço público e não tem nenhuma afinidade com sua chefia. Claro que há ainda os elementos de remuneração e da segurança que no caso de Serviço Público são bem tentadores. O problema é que nem sempre eles se coadunam com o que queremos/gostamos de fazer. A vida é feita de escolhas mesmo e no seu caso, creio que o mais importante é ir atrás do que você ama (português e tradução), deixar o que odeia e, se possível, manter a remuneração próxima da atual. Pelo que percebo o mercado de tradução parece só crescer e deve haver espaço para alguém com sua experiência – antes que a motivação para mudança se esvaia totalmente e você lacre um destino de insatisfação de algo que é tão importante para você.

 

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