Autorrealização: você tem a percepção correta do seu nível de capacidade? – Parte II

por Renato Miranda

Em texto anterior (veja aqui), escrevi sobre o aprendizado esportivo baseado no desenvolvimento da técnica e do desempenho como instrumento de amadurecimento pessoal. Um desenvolvimento que não se limita ao objetivo único de transformar crianças em atletas, mas motivá-las para construir um estilo saudável por toda vida.

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Como orientação para preparar “um caminho” que possa vir a atingir esse objetivo, propus uma diretriz de conteúdo esportivo orientado para objetivo gerais e específicos. Ambos com o propósito de promover um ótimo aprendizado esportivo para a saúde plena e que não descarta aquelas crianças que poderão potencializar seus talentos no esporte competitivo de alto desempenho.

Após a descrição dos objetivos gerais observe a seguir como os objetivos específicos dessa proposta de conteúdo esportivo podem modelar a motivação dos jovens para a prática esportiva significativa.

Conteúdo esportivo – objetivos específicos

1º) Aprender o esporte com ênfase na técnica – o aprendizado em alto nível da técnica facilita o exercício da liberdade e criatividade. Talvez seja assim em qualquer atividade humana. Observe um artista que compõe letras e músicas em alto nível. Esse artista fatalmente tem técnicas bem desenvolvidas em alguns instrumentos, entende de partituras e etc.

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Em qualquer esporte, ao investir na aprendizagem da boa técnica, potencializaremos a capacidade perceptiva dos jovens em relação ao seu potencial de desempenho. Ou seja, esses jovens passam a acreditar que são capazes de realizar e passam a se sentir confiantes em suas habilidades diante de tarefas e desafios. Com isso, tal sentimento repercutirá em uma ótima motivação, alegria e prática com intensidade.

Desenvolver a técnica é ampliar as possibilidades criativas de desempenhos em diferentes situações. O desenvolvimento da técnica esportiva projeta a coerência entre os esforços pessoais dos jovens e tudo aquilo que os mesmos fazem nas aulas e nos treinos em relação à prática do jogo. A percepção que temos de ser capazes é solidificada através de um ótimo aprendizado.

Por outro lado, é muito desanimador para um (a) aprendiz perceber que o que ele (a) faz em sua prática, não se aproxima em quase nada com aquilo que ele (a) assiste na televisão ou in loco e, portanto, desejaria fazer algo parecido ou igual. Treinar bem é aprender e não há aprendizagem sem percepções e estas são solidificadas através da coerência entre o conteúdo que se exercita e a prática da atividade. Resultado desse processo: motivação! Daí a sugestão que a motivação é a energia da aprendizagem.

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2º) Autonomia – Quando os aprendizes em esportes têm a possibilidade de vivenciar suas práticas como espaço para autonomia o esporte cumpre seu papel elementar. Essa dita autonomia se associa especialmente ao desenvolvimento das habilidades psíquicas e físicas (psicofíscas) concretas.

Em poucas palavras, desenvolver as habilidades de controle do estresse, ansiedade, concentração, motivação, emoção e as habilidades de coordenação, agilidade, resistência, força, velocidade e outras. Tais habilidades quando ditas concretas significa que as mesmas são desenvolvidas coerentemente em relação às exigências do esporte praticado. Quando os esforços para o desenvolvimento das habilidades estão associados diretamente ao esporte praticado, se estabelece a coerência do treino e do corpo/mente do praticante em relação ao esporte. Em consequência o aprendizado, desenvolvimento e motivação são verificados.

A autonomia para a prática esportiva providencia segurança no comportamento, autoconfiança no desempenho, intensidade nas ações e alegria.

Observe, por exemplo, em uma competição de jovens atletas a energia, motivação, alegria e fluidez de movimentos daqueles que têm uma boa técnica. Esses jovens possuem a tranquilidade de reconhecer seus limites e a percepção que novos aprendizados e aperfeiçoamento são apenas questão de tempo.

Em conclusão, pode-se dizer que o desenvolvimento do conteúdo esportivo aqui proposto necessita de uma orientação profissional qualificada e, sobretudo, talentosa e recheada de muito trabalho.

Detalhe: se em algum lugar de prática esportiva alguém disser que o desenvolvimento da técnica não é importante, cuidado! Você poderá estar diante de alguém sem talento e pior, que não sabe ensinar!