Não aguento mais assumir dívidas do meu marido. Como resolver isto?

por Blenda de Oliveira

"Estou com problema no meu relacionamento há muito tempo, não sei mais o que fazer. Meu esposo tem uma agência de turismo que não está valendo a pena: o que ele ganha é muito pouco. Eu trabalho e o que ganho dá para pagar minhas contas. Quando ele fica sem dinheiro, sou eu quem o socorre. Já entrei em dívidas por causa dele, andei muito decepcionada com ele, porque não podia deixar meus cartões de banco à vista, quando ele se via sem dinheiro e com contas para pagar, pegava meu cartão e sacava o dinheiro. Nossas brigas e por que ele não aceita que seu negócio vai mal e tem resistência em voltar ao mercado de trabalho. Já lhe falei para procurar um psicólogo, mas ele não aceita."

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Resposta: Primeiro de tudo é preciso que você deixe de ajudar seu marido financeiramente. Já fez isso inúmeras vezes. Apesar de sua boa intenção, esse modo de agir não ajuda em nada, pelo contrário, favorece que seu marido continue, quase como uma criança, que não aceita uma frustração, perseverando no erro e não enfrentando a realidade com ele mesmo.

Você pode ajudá-lo a se tratar, mas pagar as contas dele é ser corresponsável pela irrealidade que o prende e da qual ele não quer sair. Apesar de ser uma situação sofrida e difícil para ele, creia que sair dessa situação, assumir o insucesso e ser humilde consigo mesmo para procurar um outro caminho se configura como algo muito mais difícil e sofrido. Há muito orgulho e algumas carências profundas que não o deixam largar o osso que já não tem carne nenhuma para roer. Dizemos que muitas pessoas diante de certas perdas passam grande parte do tempo alucinando uma mudança e um recuperação que não vai existir.

Compreendo que no momento que você determinar fechar as torneiras e deixar de bancar a irrealidade, talvez seu casamento sofra mais abalos do que já tem sofrido, mas como está, é ainda pior. Sugiro que você também procure uma ajuda para se fortalecer e buscar a forma e o momento para ser mais firme e consistente na decisão de frear seu excesso de disponibilidade. Se não tomar providências rápidas, estará tão falida quanto ele e aí, ao invés de um problema, teremos dois. Serão duas pessoas no mesmo barco que está entrando água.

Cuide-se pois nessas situações aquele que "ajuda" desenvolve uma codependência com o problema do outro, virando um circulo vicioso em que cada um realimenta a doença do outro.

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Desejo boa sorte!