Mulher brasileira assume ‘cultura da riqueza’

Por Eliana Bussinger

Sempre na lista dos mais vendidos, livros sugerem várias formas para atingir a riqueza. Isso mostra três tendências.

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A primeira é que as pessoas começam a se preocupar com a administração financeira de seus recursos, motivadas principalmente pelo aumento da expectativa de vida e pela falência dos sistemas públicos previdenciários.

Esse mercado editorial atende uma necessidade imperiosa: saber como acumular para o futuro. Já não sabemos quando vamos sair de cena, porque os avanços médicos e sociais estão garantindo que vivamos cada vez mais, não é exagero das revistas e livros ‘dizerem’ que precisamos ficar ricos. Para garantir qualidade de vida na terceira idade é preciso uma pequena fortuna.

Assim, as pessoas começam a consumir todo tipo de leitura que possa ajudá-las a compreender como se consegue essa independência financeira.

A segunda tendência, talvez tão importante quanto à primeira, é que aos poucos as pessoas no Brasil começam a se livrar da ‘cultura da pobreza’, que vem imperando no país nas últimas décadas.

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Especialmente as mulheres começam a acreditar que merecem ter dinheiro e que não há nada de errado na posse de reservas, poupanças, investimentos e propriedades.

É nítida a diferença entre os brasileiros e os estrangeiros quando se fala de riqueza.

Nos países desenvolvidos, há muito, as pessoas se aperceberam da necessidade de poupar e investir. E aquele que é bem-sucedido é muito bem visto pela sociedade, que aprecia a conquista financeira dos homens e mulheres investidores e empreendedores.

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Cultura da pobreza

A cultura da pobreza no Brasil é algo sério. Parece que vamos sendo empurrados para crer que as pessoas ricas, bem-sucedidas são desonestas, corruptas e que há algo especial em ser pobre, sem perspectiva. A cultura de massa nos bombardeia com esse conceito.

De um modo geral, o núcleo pobre das novelas é sempre mais feliz, mais alegre, mais brincalhão, onde, onde todo mundo dança, namora…

No núcleo rico impera a tristeza, a desonestidade, a sordidez, as falcatruas…

Felizmente, aos poucos, os brasileiros começam a compreender que não há nada de errado em poupar e investir. O dinheiro é simplesmente um inteligente recurso encontrado pela sociedade moderna para se conseguir conhecimento, crescimento individual ou para se alcançar determinados objetivos, como a casa própria, o negócio próprio, a aposentadoria digna.

E quando temos um pouco mais é ainda melhor, especialmente se temos o desprendimento que é necessário para doar, para ajudar nossos pais, nossos filhos, as associações de caridade, as igrejas, as escolas, os museus.

Sob esse prisma é plenamente aceitável buscar o dinheiro e a segurança financeira que ele oferece. Além disso, vivemos em uma economia livre, onde o dinheiro permeia todas as relações sociais e comerciais.

Não existe, portanto, a hipótese de ignorarmos a necessidade de termos dinheiro e de acumularmos reservas financeiras capazes de nos manter dignamente no presente ou na terceira idade.

E a terceira tendência que vislumbro é a de que o próprio significado de riqueza está mudando: de algo muito genérico para algo muito particular.

Cada pessoa passa a ter a sua própria noção de riqueza, que deixa de ser puramente ‘abundância’ como dizem alguns dicionários e passa a significar segurança, independência, liberdade de escolha. Riqueza, hoje, é renda acumulada para objetivos claros.

Muitas pessoas possuem alto padrão de vida, porque ganham bem. Mas estão longe de ser ricas. Ao contrário. Muitas delas estão altamente endividadas. Portanto, riqueza não é o mesmo que renda. Para haver riqueza é preciso haver renda acumulada.

E qualquer pessoa pode acumular renda, já que o importante é o que se guarda e não o que se ganha.
E é isso que as pessoas estão buscando nos livros e nas revistas: como sair do endividamento, como aprender a poupar e, principalmente, como investir para acumular renda, com o objetivo principal de ser independente financeiramente e ter a liberdade de escolher o futuro que se quer viver.

Pense nisso:

O que é riqueza para você?
O que o dinheiro representa?