Emoções fortes realmente fazem mal à saúde?

por Alex Botsaris

Uma das coisas que mais gostamos é de emoções fortes. Mas sempre fica a dúvida: Emocionar-se, afinal faz mal ou bem para a saúde? Quando as pessoas estão doentes os médicos pedem para a família evitar assuntos que emocionem o paciente, e quando esse está gravemente enfermo, pode ficar isolado numa UTI.

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Parece até que toda emoção faz mal. Mas o que as pesquisas mostram é que isso não é verdade. Existem as emoções que fazem bem, e existem também as que fazem mal. O ideal é sempre privilegiar o primeiro grupo.

Na medicina chinesa atribui-se às emoções, todas as doenças, excluindo-se as que são causadas por fatores externos (como agentes infecciosos), má alimentação, trauma ou cansaço. Mas a sabedoria chinesa diz que as emoções são danosas à saúde apenas quando ocorrem em intensidade ou tempo excessivo. Assim é bom variar de emoção e de contexto, para não esquentar a cabeça apenas com um assunto.

Além de evitar excesso de uma mesma emoção por tempo exagerado, os estudos têm demonstrado que alguns tipos de emoção específicos fazem mal à saúde. O primeiro aspecto que médicos recomendam evitar é o que podemos chamar de instabilidade emocional. Ou seja, aquela pessoa que varia de um extremo ao outro várias vezes ao dia. Isso é verdade inclusive para crianças criadas em ambientes instáveis do ponto de vista emocional. Crianças que convivem em ambiente familiar desse tipo têm mais chances de ter várias doenças como problemas respiratórios, dores de cabeça, ansiedade e distúrbios alimentares.

Num estudo publicado pelo CDC (Center of Diseases Control) em 2005, nos Estados Unidos, ficou demonstrado que crianças com problemas comportamentais ou de desenvolvimento têm muito mais chance de estar numa família instável do ponto de vista emocional e/ou socioeconômico, que numa considerada normal. Nesses casos forma-se um ciclo vicioso, porque uma criança doente e problemática em casa leva mais tensão para os pais, agravando a instabilidade emocional da família.

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Estudos com adolescentes também relacionam instabilidade emocional nas famílias com consumo de álcool e drogas, maus hábitos de vida e até conduta antissocial. Esses resultados foram encontrados em várias pesquisas, como uma publicada esse ano pelo Instituto Nacional de Saúde Mental e Dependência Química da Holanda. Numa outra pesquisa feita com estudantes de medicina da Universidade do Kansas, os resultados apontaram para uma correlação entre instabilidade emocional, agressividade e perda de aulas por problemas de saúde dos mais variados tipos.

Estudos clínicos e epidemiológicos ainda identificaram as emoções e estados de espírito que prejudicam a saúde. Aqueles que mais causam problemas são: a raiva, a tristeza, a culpa, a depressão e a ansiedade. Todos esses estados emocionais, em maior ou menor grau estão relacionados a problemas sérios de saúde, como doença isquêmica do coração, acidente vascular cerebral, câncer, infecções, problemas associados à dor crônica, obesidade e pressão alta.

Bom, mas nem tudo está perdido. Emocionar-se também pode ajudar a saúde, desde que sejam as emoções construtivas. Amor (fortes relações de afeto familiares) é o fator que mais se associa à boa saúde e qualidade de vida. Otimismo, alegria e bom humor são justamente os antídotos contra a temida aterosclerose, o câncer e problemas infecciosos graves. Procurar viver com alegria, evitar o mal humor, buscar contornar os conflitos sem muito desgaste, ter uma atitude positiva diante dos desafios da vida, e cultivar boas relações com a família e os amigos é o caminho para as emoções saudáveis.

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Atenção! Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento