Por que existem serial killers?

Por Roberto Goldkorn

Logo após a prisão do motoboy, cognominado pela imprensa de o “Maníaco do Parque” (porque seduzia as suas vítimas no parque do Ibirapuera, em São Paulo), escrevi um artigo a respeito. Nele dizia em resumo que as alegações do motoboy de que algo se apossava dele e o fazia cometer esses crimes, era parcialmente verdadeira.

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Minha tese era de que pessoas como ele agiam como “médiuns” de uma força psíquica colossal (a que os ocultistas chamam de egrégora), sedenta de sangue. Na época escrevi que esses médiuns e seus mandantes virtuais, estavam atrás de um coquetel mais forte que apenas o sangue, e que este era um blend (mistura) de medo (terror), sangue e prazer sensual.

Esse orgasmo demoníaco acontecia quando depois de experimentar o terror da vítima, o prazer do algoz, finalmente era ver os estertores da morte assinalando o gran finale. Finalmente fiz um vaticínio sombrio, que outros casos como aquele, com características muito idênticas continuariam a acontecer.

Nesta semana aconteceu a prisão de Adriano da Silva, que confessou ter matado 12 meninos no Rio Grande Sul. Ele tem uma intrigante semelhança física com Francisco de Assis, o malfadado motoboy.

Esta série de assassinatos nos trás de volta esse tema-ameaça. Adriano confessou que matou os meninos, depois de tê-los seviciado, mas talvez tenham sido mais de vinte as suas vítimas. E por que ele fez isso? Ele não sabe bem explicar, apenas disse as autoridades policiais que isso lhe dava um imenso prazer.

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Ao lado das mulheres jovens, prostitutas, mendigos, as crianças são vítimas preferenciais, não apenas pela maior facilidade com que são conduzidas ao suplício, mas também pela energia vital que são portadoras.

Esses animais psíquicos ancestrais, vampiros vorazes estão por aí, por toda parte, desde tempos imemoriais, pastando entre nós como feras famintas. Estão presentes nas guerras, onde se banqueteiam, mas também se regalam com pequenos aperitivos aqui e ali, usando seres, vazios de ser, como seus fantoches.

Quem são Francisco de Assis e Adriano da Silva? Pessoas comuns, gente simples, semi-analfabetos, que se arrastam pela vida, como zumbis, como milhões de pessoas cuja existência é desprovida de um sentido maior, onde o vazio existencial e espiritual, a inexistência de uma individuação, como chamava Jung, deixou-os à mercê desses monstros de energia psíquica.

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Assim foram aos poucos sendo cooptados por seus mestres abissais, como numa lenta e imperceptível sessão de hipnose, que usava sementes de sua própria violência para dominá-los e depois usá-los como executores dos sacrifícios.

A estratégia dessas egrégoras de sangue muda também de acordo com o tempo. Já não existem tantas guerras como antigamente, onde num só dia 300.000 mil pessoas se trucidavam usando espadas, machados e flechas. Devia ser um festim de sangue, horror e exaltação.

Também não temos mais os sacrifícios de sangue tão comuns na antiguidade, onde deuses sedentos cobravam cada vez mais cotas de sangue inocente. Por isso esses monstros psíquicos têm de mudar de estratégia, e usar zumbis como Adriano e Francisco, para que lhes proporcionem pequenas refeições.

Esses dois ficaram famosos porque foram pegos, mas existem muitos desses sem alma por aí e são certamente responsáveis pelo desaparecimento não resolvido de milhares de crianças e de jovens, que nunca mais foram encontrados.

Se você leu até aqui e não acha que estou delirando, deve estar angustiado se perguntando, então, o que fazer diante desse quadro? Não há muito que fazer contra esse assassino psíquico, a não ser evoluir. Melhorar a qualidade do ser humano que colocamos no mundo. Buscar a maternidade responsável, e abandonarmos a indiferença pelo outro, pois os outros somos nós mesmos.

A espiritualidade, e com isso não falo de religião, mas de uma visão não materialista, não imediatista, humanista e generosa da vida, é o maior inimigo das egrégoras de sangue, porque não exclui, mas agrega o ser humano num só coração e lhe dá consciência de Ser. Acredito que esse é inevitavelmente o caminho da Humanidade, e que um dia as egrégoras de sangue morrerão por inanição, porque nós não teremos mais Adrianos e Franciscos andróides caminhando errantes pela terra.

Enquanto isso, temos de nos proteger, e trabalhar diligentemente para implantar o reinado da justiça e da generosidade e do Amor na Terra.