Atividade física traz autonomia para a terceira idade

Da Redação

O dia de Silas Foltran começa cedo. Por volta de 7 horas da manhã, ele pega a bicicleta e sai de casa, no bairro Butiatuvinha, para ir até a academia onde malha, no bairro Cabral. O trajeto dura cerca de uma hora e quinze minutos.

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“E o interessante é que dá o mesmo tempo que se eu fosse de ônibus”, diz, com tranquilidade. Por volta de 8h20, começa o treino de musculação, que vai até às 9h. O passo seguinte é dirigir-se a uma das salas de ginástica da academia para a aula de Pilates ou yoga. Terminado isso, Silas está pronto para voltar para casa – ainda de bicicleta. A rotina se repete, cinco dias por semana. Atleta? Que nada. Trata-se de um aposentado de 75 anos, que descobriu na atividade física uma fonte de saúde e qualidade de vida.

Isso não significa que sempre foi assim. Silas só começou a praticar exercícios aos 63 anos, por indicação médica, para tratamento de problemas na coluna. “Para você ter ideia, eu tinha que andar de ônibus na ponta dos pés para amortecer o impacto, pois o corpo não aguentava, eu tinha dor”, conta Silas. “Tive muita vontade de desistir, mas mantive a força de vontade e o resultado é que hoje nem preciso tomar mais remédios, consigo andar de bicicleta sem problemas e fazer todas as minhas atividades”, comemora.

O caso de Silas apenas comprova o que já vem sendo anunciado por inúmeras pesquisas: as vantagens da atividade física na terceira idade para manter os idosos mais ativos e participativos. A personal trainer Alessandra Souza da Silva explica que os exercícios são importantes para garantir a autonomia da pessoa idosa. “Muitas atividades que são básicas são mais difíceis para quem tem mais idade e, por isso, quando na academia atendemos idosos, buscamos trabalhar três áreas: força, equilíbrio e coordenação motora”, explica. Como nem todos têm a condição física de Silas, os exercícios são sempre adaptados buscando respeitar os limites de cada um. Os efeitos são visíveis. “Dou aula para uma senhora de 93 anos, que quando começou na academia não conseguia nem subir as escadas sozinha, era preciso que eu e um estagiário fôssemos buscá-la e a segurássemos para que conseguisse chegar”, conta. “Hoje, continuamos juntos quando ela sobe, mas ela já não precisa da nossa ajuda”, conta.

Dentre os benefícios da atividade física estão a melhora da capacidade cardiovascular, o aumento da força muscular e da flexibilidade. Engana-se quem pensa que a lista termina aí: além dos benefícios físicos, exercitar-se traz significativo aumento da autoestima, da capacidade de sociabilização e até mesmo benefícios neurológicos. “Vir para a academia e fazer exercícios promove treinamento neurológico na medida em que você tem que prestar atenção naquilo que está fazendo, nas diferentes pessoas que estão falando com você, nos vários estímulos ao redor”, analisa.

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Para que as atividades físicas tragam apenas benefícios, é importante estar sob orientação de um professor. “Além de ele não deixar que a gente se machuque e de passar os exercícios certos, os professores nos motivam e não nos deixam desistir”, defende Silas.

Um exercício para cada objetivo

A prática regular de exercícios ajuda a retardar o processo de envelhecimento e, para cada tipo de problema, é possível estabelecer um tipo de atividade. Uma prática completa para um idoso combina vários treinos diferentes, como explica personal trainer Júlio César Marques de Oliveira:

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Encolhimento de estatura: “Pode estar relacionado ao desgaste dos ossos intervertebrais e/ou a diminuição da massa muscular magra, ou seja, a pessoa não tem força o suficiente para sustentar o próprio peso. Os exercícios indicados são alongamento e fortalecimento dos músculos posturais, além dos exercícios funcionais”.

Enfraquecimento dos ossos: “Atividades com impacto ajudam na fixação do cálcio nos ossos. Caminhadas, corrida e, em alguns casos, a plataforma vibratória são indicados”.

Flexibilidade: “Um alongamento de qualidade previne o encurtamento dos músculos e feito regularmente permite ótimos ganhos de flexibilidade”.

Problemas de autoestima e depressão: “Aulas em grupo estimulam a socialização e ajudam o aluno a melhorar a autoestima. Conversar com novas pessoas em uma atividade mais leve renova as energias”.