Insegurança ao extremo: como lidar com essa situação?

por Eduardo Ferreira Santos

“Psiquiatras, psicólogos e psicanalistas me rotulam como border. Eu na verdade não sei quem sou. Olho no espelho e não me reconheço, só sei que odeio a imagem refletida nele. Não aguento mais, o fato de saber que não tem cura me apavora, não quero ser assim, quero ser uma pessoa ‘normal. Já perdi tudo o que podia: perdi meu marido num ataque de fúria. Do nada, rompi com ele e não consegui me recuperar, me envolvi com vários homens pra suprir essa falta e de nada adiantou. Ao contrário, a cada frustração me sinto muito pior. Perdi o emprego pelos acessos incontroláveis de raiva. Tenho uma filha e não sei por que não consigo amá-la. Eu tento, mas não consigo, ela é uma estranha para mim. Eu olho pra ela e não consigo reconhecê-la. Ela sofre com isso e eu também, me odeio ainda mais por isso. Já fiz loucuras inimagináveis para não perder o homem amado. Já fiz viagens para lugares desconhecidos; já simulei gravidez, falsifiquei exames; já emprestei dinheiro, grande quantia para manter um homem ao meu lado; fiz escândalos na porta da casa dele quando o vi com outra; joguei meu carro em cima dele e tantas outras coisas. Me mutilo sempre que tenho crise; já me cortei várias vezes com um bisturi, ou me arranhei com garfos, unhas; dei soco em paredes; jogo coisas contra paredes, perdi vários celulares assim. Não sei lidar com problemas cotidianos, já tentei autoextermínio quatro vezes e em todas as crises esse pensamento ronda minha cabeça, como uma voz insistente que luta comigo. E é uma luta contra eu mesma. Não aguento mais. Apesar do tratamento, minhas crises têm sido mais frequentes.”

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Resposta: O que você descreve são exatamente os sintomas do que a Psiquiatria classifica como TRANSTORNO DA PERSONALIDADE INSEGURA DE SI, TIPO BORDERLINE.

O termo “borderline” significa FRONTEIRIÇO e, embora muitos afirmem que a fronteira esteja entre o NEURÓTICO e o PSICÓTICO, a verdadeira margem está entre o NORMAL e o PATOLÓGICO de maneira geral.

O paciente com esse diagnóstico tem um TRANSTORNO DE PERSONALIDADE que o faz “flutuar” no limite da racionalidade e das emoções, sendo extremamente “carente” e capaz de atos de automutilação na tentativa frustrada de se tranquilizar quanto à sua enorme ansiedade e sentimento de “não existência”.

Na verdade, não é que não há cura para esse quadro, mas ele exige um longo e profundo tratamento psiquiátrico e piscoterapêutico.

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Há até um grupo especializado em tratamento de pacientes ”borderline” no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas, coordenado pelo Dr. Erlei Sassi (esassi@uol.com.br).

Sugiro que você entre em contato com este serviço e tente um tratamento lá.

 

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