Conheça os três pilares do sentimento de felicidade

por Dulce Magalhães

“O transcendente tira o peso das dificuldades, tornando-as momentâneas…”

Continua após publicidade

O tema felicidade já se tornou caso de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde publicou o resultado de uma pesquisa de 12 anos a respeito deste assunto. A questão que motivou a pesquisa era saber se a saúde tinha impacto sobre a felicidade das pessoas. Concluiu-se que não. Quando estamos saudáveis não percebemos isso como um bem ou uma vantagem, apenas damos como certo o fato de ter saúde.

Porém, quando adoecemos, isso aumenta nosso nível de infelicidade, com variações dependendo da complexidade ou da gravidade da doença. Assim, notamos o desprazer da doença, mas não percebemos a grande graça da saúde. Algo para prestarmos mais atenção.

Contudo, a pesquisa não limitou-se ao aspecto da saúde, mas aprofundou o tema buscando o entendimento do que realmente nos traz o sentimento de felicidade. Entre muitas variáveis, chegou-se a três aspectos que formam a base de nossa felicidade:

Transcendência

Continua após publicidade

A crença em algo superior, divino, sagrado, a fé em Deus como criador, a convicção de uma realidade transcendente; segundo a pesquisa, esse aspecto transcendental é um elemento de alto impacto na criação de condições para lidarmos com as adversidades e vivermos uma vida com mais equilíbrio e senso de felicidade. Quando não conseguimos conceber que há um plano maior para todas as coisas que ocorrem na vida, a sensação de injustiça, desperdício, crueldade e impossibilidade se tornam maiores e tomam conta da consciência.

Somente com uma visão ou percepção do transcendente, daquilo que não é palpável, mas que rege todos os sistemas de forma ordenada – mesmo quando não somos capazes de perceber o processo todo – é que faz com que nos sintamos num estado de harmonia, onde tudo tem uma razão e serve a um propósito superior. O transcendente tira o peso das dificuldades, tornando-as momentâneas, transitórias e superáveis. A fé que algo bom está contido em todas as experiências e que tudo que nos ocorre está a serviço do melhor, é a base de onde emerge nossa capacidade de lidar de forma positiva, mesmo com o mais desafiador dos eventos.

Conhecimento

Continua após publicidade

Outro aspecto apontado pela pesquisa, é que nos dá felicidade saber sobre as coisas, conhecer a realidade, estudar sobre o que nos interessa. Esse saber foi apresentado em duas dimensões, o conhecimento científico, fruto da razão, ou seja, tudo aquilo que aprendemos a partir do estudo, da pesquisa, da aplicação ou como discípulos; e o conhecimento tácito, fruto da sabedoria, que é aquele saber que vem da intuição, da prática, do bom senso, da herança, dos valores e da cultura, e nos permite tomar decisões de forma mais tranquila e convicta.

Esse senso de conhecer, de dominar o fazer, o decidir, o realizar e o relacionar traz um senso de felicidade porque preenche o desejo de pertencer, de ser reconhecido, traz a noção do valor pessoal e tira a angústia e o estresse do dia a dia. Quanto mais conhecemos sobre a realidade que experimentamos, mais confortáveis nos sentimos com ela e, assim, nossa relação com a vida torna-se mais feliz. A abertura para novos conhecimentos e a aplicação constante daquilo que passamos a saber aumenta a autoestima, expande as fronteiras das possibilidades e abre novas oportunidades para o progresso pessoal. Isto nos permite experimentar um senso de realização e prosperidade que nos coloca nesse ambiente fluido e agradável da felicidade.

Prazer

O terceiro aspecto apontado pela pesquisa traz o “gostar de” algo ou alguém como um item importante na construção de nossa felicidade. Ter prazer com o que se faz, com quem se vive, com as experiências que se tem e com os resultados que se alcança. Esse prazer é medido pela nosso nível interno de expectativas e de como elas são correspondidas. Quanto mais somos capazes de aceitar as coisas e as pessoas pelo que são e da forma como se apresentam, mais facilmente gostamos do que estamos experimentando e isso nos dá esse senso de felicidade, de que tudo está certo, adequado, bom, uma visão de que a vida é mesmo uma benção.

Colocar e encontrar prazer em quem se é, no que se faz e com quem se convive permite a experiência de uma sensação de bem-aventurança, de alegria, um verdadeiro “estado de graça”, que só pode ser desfrutado num campo prazeroso de vida.

Investir nesses três aspectos, ampliando nossa percepção do transcendente, aumentado nosso saber sobre a realidade e apreciando com mais abertura tudo que nos rodeia, traz como resultado um maior grau de felicidade. Esta aí um investimento muito interessante e seria recomendável fazer um fundo para manter o investimento contínuo de forma a permanecer por maior tempo e em maior grau num estado de felicidade. Afinal, que outro resultado pode ser mais interessante? Reflita sobre isso.