Consequências do uso contínuo e indiscriminado de remédios tarja preta

por Danilo Baltieri


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“Tenho observado no dia a dia um suposto uso indiscriminado de Clonazepam que parece ter se transformado numa panaceia para os distúrbios psíquicos e emocionais, embora seja um medicamento tarja preta.”

“… maioria das pessoas que faz uso dessas medicações procura alívio de ansiedade ou indução do sono”

Resposta: De fato, as prescrições de medicações controladas (incluindo os benzodiazepínicos, como é o caso do Clonazepam, Diazepam, Alprazolam, Bromazepam etc) têm dobrado nas duas últimas décadas nos Estados Unidos da América, principalmente para adultos jovens.

Embora os benzodiazepínicos sejam medicações eficazes quando utilizadas para o tratamento dos transtornos de ansiedade, insônia, crises convulsivas, síndrome de abstinência alcoólica e outras condições médicas, uma possível consequência do aumento das prescrições médicas é o aumento também do uso não médico, ou seja, do uso não prescrito.

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Já entre pessoas idosas, as taxas de uso de benzodiazepínicos têm sido altas e mais alarmantes. As estimativas de uso dessas medicações nessa população variam de 12% a 32%, com taxas ainda maiores entre aqueles que padecem de transtornos psiquiátricos, como depressão.

Consequências do uso continuado

O uso continuado dessas medicações aumenta o risco de resultados indesejáveis, como prejuízos cognitivos (incluindo memória, atenção sustentada), quedas, acidentes domésticos e automobilísticos, desenvolvimento de quadros de dependência fisiológica e de síndrome de dependência. Ocasionalmente, usuários podem tornar-se desinibidos e mostrar inquietação psicomotora e confusão mental.

Obviamente, essas medicações não devem ser autoadministradas sem o acompanhamento de um médico capacitado. Em situações onde um indivíduo faz uso dessas medicações sem orientação médica e indicação precisa, os riscos para desenvolver problemas aumentam sobremaneira.

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De fato, a maioria das pessoas que faz uso de benzodiazepínicos está procurando alívio para ansiedade ou mesmo indução do sono. Com o uso continuado, muitos usuários terão dificuldades para cessar o consumo, principalmente devido aos sintomas da síndrome de abstinência e recrudescência dos sintomas iniciais que motivaram o uso da droga. É importante destacar, também, que essas medicações são comumente utilizadas por pessoas que já consomem outras substâncias psicoativas, como opioides, álcool, cocaína etc, como uma forma de driblar sintomas de inquietação, taquicardia, tremores etc. A combinação dessas substâncias, sem qualquer critério, finalidade terapêutica e supervisão profissional especializada, pode ser fatal.

Seguramente, os benzodiazepínicos têm suas indicações clínicas precisas. O uso crônico, indiscriminado e não prescrito deve ser evitado amplamente, dadas as consequências nocivas possíveis.