Cantor Pedro Mariano explica por que utiliza intuição

por Angelo Medina


Pedro Mariano: "Acredito que a minha música traga qualidade de vida para as pessoas"

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Nesta entrevista ao Vya Estelar, o cantor Pedro Mariano revela seu lado intuitivo e introspectivo. Conta o que faz para ter qualidade de vida e fala sobre o seu disco chamado Intuição.

Vya Estelar – Por que o seu novo disco chama-se Intuição?

Pedro Mariano – Isto só aconteceu aos 47 minutos do segundo tempo, quando o meu pai (Cesar Camargo Mariano) chegou com essa música (Intuição), um presente do Otávio de Moraes que acabou entrando no final. Como o disco ainda não tinha nome, optei por esse.

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Vya Estelar – Qual foi o critério para escolher esta música, a que dá nome ao disco, e para escolher todo o repertório?

Pedro Mariano – Utilizei a intuição, que é minha parceira. A música não é uma ciência exata. Trabalha-se com feeling para decidir qual será a levada, o arranjo e o timbre. E a intuição te ajuda nestas escolhas, te leva a ousar, arriscar e a criar algo novo.

A escolha do repertório foi baseada na intuição, já que tive pouco tempo para experimentar o repertório. Como, por exemplo, tocar uma música no show para sentir o aval do público. Ao mesmo tempo em que fui concebendo o disco, fui gravando.

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A intuição é muito utilizada já que, apenas com violão e voz, você é obrigado a projetar toda a música. Você intui os arranjos, intui se a música vai rolar ou não, intui qual é a melhor música para ser a canção de trabalho. O arranjador e um co-autor. Às vezes, um arranjo torna a música mais importante do que a própria melodia.

Vya Estelar – Você se considera uma pessoa intuitiva? Quando você usa a intuição?

Pedro Mariano – Eu uso quase sempre, muitas vezes. O meu trabalho é uma ciência muita inexata. Pela minha intuição posso incluir uma música no set list do show ou tirar alguma que já estava. Para a vida também a utilizo porque confio nela. Às vezes no último minuto, num almoço com a minha mulher, cancelo um contrato, seguindo minha intuição.

Vya Estelar – Você busca respostas na sua vida através da intuição?

Pedro Mariano – A intuição em geral não me deixa na mão. Quando a chamo, sempre rola. Poucas vezes me dei mal.

Vya Estelar – Você medita?

Pedro Mariano – Não chego a tanto. Mas sou introspectivo. Uso a natação como uma grande terapia. É a oportunidade de estar durante uma hora sozinho na água, sem falar com ninguém. Esqueço do cansaço físico. Fico introspectivo, nadando… busco sozinho as soluções para resolver os meus problemas. Procuro resolvê-los dentro da minha cabeça, sem conversar com outras pessoas.

Vya Estelar – Para você o que é qualidade de vida?

Pedro Mariano – Viver bem. Não acumular problemas. Tirá-los da frente. Resolvê-los de forma paliativa, mesmo que voltem a aparecer um pouco mais na frente. Na minha profissão não dá para ficar com as costas pesadas, carregando uma cruz. Procuro também não prejudicar e nem fazer mal a ninguém para dormir com a consciência tranqüila.

Vya Estelar – O que você faz para ter uma melhor qualidade de vida?

Pedro Mariano – O fundamental é procurar viver bem, mesmo com os problemas. Reservo diariamente duas horas do meu dia para me abstrair dos problemas e não utilizar o cérebro para nada. Minha mulher diz que eu faço isso com muita rapidez. Para o meu entretenimento, gosto muito de cinema. Assisto filmes compulsivamente. Toda quarta-feira à noite, jogo um futebol para desopilar o fígado. Adoro tudo relacionado ao futebol. Gosto de reservar um espaço para o lazer, logo no início do dia, quando acordo pela manhã, entre 8:00 e 8:30, porque no decorrer dia, os pepinos começam a aparecer.

Vya Estelar – Você acha que através da sua música, de alguma forma, você ajuda as pessoas a terem uma melhor qualidade de vida?

Pedro Mariano – Não tenho a menor dúvida. A música antes mesmo de ser uma expressão artística, de estar agregando elementos culturais, é acima de tudo, um entretenimento. Se você entretem, leva prazer às pessoas, faz bem a elas e isso é qualidade de vida. Fico orgulhoso de fazer bem às pessoas. No camarim depois do show já ouvi coisas do tipo:

"Puxa tinha brigado com a minha mulher. Mostrei a música Voz no Ouvido e voltei a ficar bem com ela ".

"Estava apaixonado e consegui conquistar uma garota quando coloquei Voz No Ouvido para ela ouvir".

Enfim, você acaba interferindo na vida das pessoas.

Vya Estelar – É possível ter qualidade de vida numa cidade como São Paulo?

Pedro Camargo – Acho possível. Mas é muito difícil. Tem que se trabalhar para isso. São Paulo é uma cidade estressante e muito alucinada. Eu me vejo envelhecendo fora de São Paulo.

Vya Estelar – Como você conceituaria o seu novo disco?

Pedro Mariano – É difícil conceituar um álbum. O principal objetivo do disco é mostrar o meu trabalho, a minha cara. Ainda estou começando a minha carreira. A minha idéia, por enquanto, é a de passar a minha visão de intérprete. Não estou preso a um molde específico do mercado. Não vou utilizar um certo padrão de levadas porque isso ou aquilo pode vender. Desta maneira, o trabalho se transforma numa cópia. Se bem que depois que inventaram o primeiro acorde, tudo, de certa forma, foi copiado.

Para escolher o repertório, não ouço nada e nem compro disco. Crio a partir de uma idéia nova, que não é necessariamente um timbre ou uma batida. Ao interpretar uma música e, escrever um novo arranjo para ela, o intérprete compõe uma nova música. Você pode dar uma nova leitura para a música do Tom Jobim que não seja uma bossa nova ou para uma música do Cazuza que não seja um rock.

Vya Estelar – Como você define o seu trabalho: seria MPB?

Pedro Mariano – Cantado e produzido em português, com certeza é um disco de MPB. No entanto, sou mais pop do que a MPB, sou mais MPB que a própria MPB, que é elitista.

Vya Estelar – Queria ter tido mais tempo para escolher o repertório?

Pedro Mariano – Gostaria. Mas o disco ficou muito redondo. O meu poder de síntese teve que ser mais aplicado. Foi o cronograma apertado que possibilitou o disco sair como saiu.

Vya Estelar – Quais são os próximos projetos?

Pedro Mariano – Fazer shows e correr com o disco pelo Brasil. Mais para frente, ir para Europa.

Vya Estelar – O que você tem ouvido?

Pedro Mariano – Ouço de tudo: Prince, George Michael, Steve Wonder, Quincy Jones, Jair, Max de Castro, Ana Carolina, Lenine, Zelia Duncan…