Pós-parto e bebê de colo: precauções para dores e saúde das costas

por Nicole Witek

Faz algumas semanas que estou viajando ao redor do planeta, ministrando cursos, fazendo reciclagem e minha última parada foi para visitar meu filho, que tem um bebê de sete meses.

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O bebê esta bem, crescendo rapidamente, chegando aos nove quilos. Fui até à China, não para ficar de camarote, mas para aliviar um pouquinho o cotidiano dos pais e conhecer melhor o meu netinho. Devo confessar que tinha esquecido que, além do prazer de ajudar um bebê a descobrir a vida, existe o outro lado da moeda: carregar peso! Quando chega o final do dia e que, finalmente o bebê consegue dormir, ufa, você pode descansar, é hora do balanço. Que balanço? O balanço de seu cansaço.

Essa contabilidade dos males do dia é necessária para não deixar as tensões acumularem-se e para assim, à medida que elas vão aparecendo, ter ferramentas para dissolver as tensões.

Como? Se você me acompanhar e com um pouco de imaginação você vai conseguir facilmente entender os antídotos para comabater as dores.

Má noticia: "carga negativa"

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Primeiro problema: deslocamento do eixo de equilíbrio

Imagine que você esteja com um peso nos braços que vai crescendo de 3.5 kg até 10/ 15 kg e talvez mais ainda, e querendo colo o tempo todo. Você vai concordar comigo que a nova "bossa" é que o bebê esteja em contato com a pele dos pais o máximo de tempo que for possível… Depois do "canguru", ai vem a moda do *"sling"… e se não tiver sling para liberar os braços do papai ou da mamãe, tem que ser os braços carinhosos de sempre.

A atitude postural que naturalmente se instala ao carregarmos um bebê é a que desloca o seu eixo de equilíbrio, levando os ombros para trás, cavando ainda mais a cintura, que já foi torturada pelo aumento progressivo do ventre ao longo dos 9 meses. Ao mesmo tempo em que você recua os ombros, projeta a bacia para frente para apoiar o bumbum do bebê. Você pode também colocar o bebê "encavaladinho" do lado, no quadril, e além de deslocar o eixo da coluna para trás, você vai acrescentar com um desvio para o lado: geralmente o bebê fica apoiado do lado direito e a coluna deslocada para esquerda.

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E se você quiser fazer algo ao mesmo tempo e liberar sua mão direita, será o contrário, mas em todos os casos, você precisa acertar seu eixo de equilíbrio.

Segundo problema: estreitamento da caixa torácica

Para a jovem mãe, quando o peito está repleto de leite, o peso fica muito maior e, quase automaticamente, os ombros giraram para frente, acompanhando o aumento de volume e de peso das mamas. Essa rotação dos ombros para frente leva a um ajuste do pescoço: aos poucos o queixo é projetado para cima e para frente, instalando uma rede de tensões para cima, para boca, queixo, olhos e para o rosto inteiro.

Essa posição leva a um estreitamento da capacidade respiratória, prejudicando a respiração. Além disso, os nove meses que o bebê passou no intraútero desativou de certa forma os movimentos do diafragma, contribuindo para deixar a respiração reduzida e curta.

Terceiro problema: ficar em pé durante horas, durante o dia ou a noite

Embalar o nenê é gostoso e agradável, mas até certo tempo. Infelizmente para os novos pais, quando bebê resolve confundir a noite com o dia e chamar a sua atenção, as horas em pé com o bebê no colo se tornam um pesadelo cansativo. Parece que nada funciona: o bebê está alimentado, seco, recebe amor e carinho, mas não quer dormir. E você fica em pé durante minutos que vão se esticando. Essa postura gasta energia, a circulação de retorno do sangue dos pés e tornozelos para o coração fica desacelerada e os tornozelos incham, os vasos e veias aumentam de calibre, cansando ainda mais as pernas.

Quarto problema: o estresse das novas condições de vida

Este item é muito importante. A nova vida exige muitos ajustes e levam a um estado de estresse. Se esse bebê é o primeiro então, existe toda logística de uma terceira pessoa em casa, com requisitos específicos, que abalam a rotina do casal. Os novos horários, as noites sem sono, os questionamentos e medos gerados pela nova situação, deixam o casal em confronto com novos desafios.

Boa notícia: existe antídoto!

Quando o bebê conseguir, enfim, tirar uma soneca, aproveite este momento ao máximo e faça com que este tempo renda, que ele renda mesmo.

Gostaria de desfrutar da sensação gostosa que tudo está voltando ao seu lugar, entrando nos eixos novamente: que seus músculos estão recuperando seu comprimento, que sua respiração volta a sua capacidade normal? Então, tente isto:

Fase 1

Encoste a lateral direita do seu corpo na parede: pés paralelos, braço direito ao longo do corpo. Olhe longe para a linha do horizonte, ou o mais longe possível, através da janela (ou imagine o horizonte, se não for possível vê-lo).

Eleve agora o braço esquerdo acima da cabeça, ao longo da orelha esquerda e coloque a palma da mão, pregada inteira à parede: feche os olhos e sinta o poder da sua respiração alongando toda lateral do seu corpo, sinta o quanto a respiração permite ajustes internos profundos, dando de novo seu comprimento a cada músculo, profundamente. Curta e permaneça nessa posição por algum tempo, focando toda atenção nos alongamentos internos sutis, que estão acontecendo.
Quando você sentir necessidade, volte lentamente, e com movimentos lentos, olhos semicerrados. Faça o mesmo com o outro lado.

Fase 2

Instale-se no tapete da sala, com ou sem almofada debaixo da nuca, e tire 5 minutos no mínimo, para "escanear" o corpo mentalmente: da ponta dos pés até o topo da cabeça. Aproveite para fazer uma parada especial no rosto, ao redor da boca e dos olhos. Caso a sua atenção se desvie do processo de "escaneamento", trate-se com carinho, traga de volta sua atenção para o processo com carinho, suavemente. A concentração dedicada a cada parte permitirá desalojar as tensões musculares e assim, dissolvê-las.

Terminando essa operação: imagine que a atmosfera esteja repleta de luz – o que acontece na verdade: fótons, e outras partículas estão atravessando nosso corpo, o tempo todo, sem que a gente perceba – e que essa luz esteja inundando cada célula do seu corpo, da superfície até as mais profundas, até cada pedacinho dos ossos. Passe alguns minutos nessa segunda parte da sua recuperação energética.

Assim você estanca o desgaste de energia, os vazamentos diversos, causados pelas tensões parasitas que se instalaram ao longo do dia.

Você gastou no máximo quinze minutos do seu precioso tempo, mas fez uso de uma solução integral rápida e eficiente para se recuperar!

*Slings: faixas de pano compridas, com duas argolas fixas a uma das extremidades, que ajustadas ao corpo, transportam uma criança de 0 a 3 anos.