Conheça o yoga do riso

Por Nicole Witek

Estava sendo entrevistada por uma jornalista da Folha de São Paulo, para falar dos males do estresse, principalmente esse causado aos torcedores quem assistem ao jogos da Copa do Mundo.

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Só que na hora de responder as perguntas sobre os problemas decorrentes do estresse (que não vou citar aqui para não deixar meu leitor apavorado!) resolvi partir para um outro rumo. O suspense, a ansiedade, a emoção geram muito estresse para os torcedores, mas além dos males, existem outros efeitos, menos nocivos e até benéficos.

O que eu respondi? Que além do nervosismo tem a convivência com amigos, o chope, a felicidade de formar um grupo onde cada um se sente parte de um todo. Os momentos de fraternidade geram emoções positivas e, acima de tudo, o RISO…

Porque eu, como professora de yoga, estou prestigiando o riso? O que isso tem a ver com yoga? Vocês pensam que yoga é disciplina e austeridade? Sério? Você está enganado! Yoga é prazer de viver, felicidade de se sentir integrado consigo mesmo e com nosso meio ambiente.

Sentir-se parte de um time, de um grupo de amigos, gera prazer de viver e felicidade. Essa felicidade se expressa dentro do nosso corpo também. Cada emoção modifica nossa respiração. O riso favorecido nesse momento especial do jogo, faz com que o torcedor faça yoga… sem saber. O torcedor está rindo!

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Vocês sabiam que hoje existem clubes para aprender a rir? Estruturas especializadas para ensinar o riso? Existe sim e ainda mais: o yoga do riso! Durante essas sessões são mescladas técnicas de respiração com técnicas para estimular os neurônios.

Os yogis não esperaram por nossa ‘ciência avançada’ para constatar que o diafragma é o segundo coração. O diafragma é o ajudante do coração para levar o sangue para as partes do corpo mais afastadas. Ele tem o papel principal, em conjunto com as contrações musculares, para a circulação de retorno, das veias das pernas voltando para o coração. Rir propicia um bombeamento do diafragma que vai abastecer melhor em oxigênio o sangue. Assim, nossos neurônios – grandes consumidores desse combustível – vão também participar da festa.

O riso modifica a química do sangue, ele gera a produção de endorfinas. Substâncias maravilhosas que fazem sentir bem-estar e felicidade. Existem 2000 grupos de ‘yoga do riso’ do mundo. Acontece que, para muitas pessoas que sofrem de solidão, não existe mais possibilidade de rir. Esses grupos permitem um certo tipo de terapia, que faz com que o corpo produza substâncias que melhoram a saúde.

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O riso ativa nossas defesas imunológicas e cada um se torna seu próprio fornecedor de Prozac, medicamento recomendado contra depressão, cujos efeitos colaterais são péssimos a longo prazo – não vou citar aqui para não apavorar de novo o leitor.

Quem também se beneficia dessas práticas selecionadas de yoga são os hospitais e, principalmente, as crianças dentro do hospital. Ontem encontrei uma amiga e aluna que sempre teve o jeito para contar historias cômicas, aliando tom e mímicas. Sabe o que ela faz com esse dom que me deixa com inveja? Ela resolveu fazer parte de uma equipe de palhaços. Passou do yoga convencional clássico ao yoga do riso. Essa amiga se tornou palhaça especializada em ‘terapia do riso’ para os pequenos pacientes dos hospitais.

O yoga do riso alia técnicas milenares de trabalho sobre a respiração e profundidade e sobre o conhecimento do funcionamento do cérebro, da mente e da alma humana. Vamos rir, porque rir faz bem para nosso corpo e felicidade faz parte da nossa essência.

Se rir é a característica do ser humano, precisamos lembrar como os yogis e o filósofo francês La Bruyere, do século XVII: “Tem que rir antes de ser feliz, para não morrer sem ter rido!”.