Após separação: como lidar com a convivência com o ex?

por Arlete Gavranic

Quando vejo conflitos de relacionamentos entre ex-parceiros, sempre tenho a leitura de como a vaidade, o orgulho e a posse parecem falar mais alto que o afeto vivido ou que disse ter sentido.

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A dificuldade de aceitar o término de um relacionamento pode se apresentar em diferentes intensidades: desde os que vivem a tristeza do término e tentam não criar problemas para a separação, como os vingativos que querem prejudicar, difamam o parceiro ou tentam dificultar financeiramente.  Há também os que usam os filhos para atrapalhar a separação ou impedir o prosseguimento de uma vida equilibrada.  Ou até aquela pessoa controladora, manipuladora, tentando monitorar, interferir e atrapalhar a vida do(a) ex.

Quando existem filhos, há a necessidade que esse casal mantenha uma postura equilibrada para negociar atividades e responsabilidades com relação aos filhos: isso é primordial.  Filhos precisam ser amados e assistidos em suas necessidades e formação.  Isso implica estar perto, ter atividades conjuntas, participar e demonstrar interesse nos compromissos, alegrias e conflitos deles, seja na infância, adolescência ou mesmo na vida adulta, pois filhos são para sempre.

Mas e a ideia romantizada de que casais que se separam devem ser amigos?

Nem sempre essa ideia é possível de ser realizada. As características de personalidade podem fazer com que haja invasão ou tentativa de controle da vida e dos relacionamentos do outro. Hoje, com as redes sociais, essa postura controladora se torna muito invasiva e eficiente.

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Mas e quando falamos de casais que se separam e não têm filhos? Como fazer a pós-separação?

Existe a obrigação de manter um relacionamento de amizade?

Efetivamente não há necessidade de se manter vínculo, só se forem sócios, trabalharem na mesma empresa, onde será necessário que a convivência se mantenha dentro dos limites do profissionalismo. Mas se não houver esses vínculos que obriguem a convivência,  o motivo da separação e as emoções envolvidas é que darão a dimensão do quanto um afastamento será necessário ou não.

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As características de personalidade possessiva ou destrutiva podem se mostrar muito intensas em algumas situações. Por exemplo, se a separação for motivada por traição, a mágoa pode despertar raiva e características de uma neurose possessiva, persecutória, pode se tornar bastante inconveniente e invasiva. E se mobilizar uma tristeza com caráter mais destrutivo ou autodestrutivo, poderemos encontrar aspectos de ameaçar a vida do outro: difamar, destruir coisas (carro), pichar com xingamentos…  Ou então agir autodestrutivamente com comportamento de autoabandono (parar com cuidados pessoais como: banho, comer, se arrumar);  ter comportamentos de automutilação ou fazer ameaças de suicídio. Tudo isso sempre na tentativa de destruir a autoconfiança do outro, mobilizando nele um sentimento de culpa.

Nessas situações onde há atitudes invasivas, possessivas ou manipuladoras, há a necessidade de um distanciamento para garantir um espaço para reconstruir seu caminho e relacionamentos outros.   

Com relação aos amigos em comum, haverá afinidade ou maior identificação com um ou outro. E os amigos costumam evitar esses encontros logo após a separação, convidando para alguns eventos um e para outros eventos o outro, com a clara intenção de evitar confrontos que acabem com a festa ou evento.  Se houver grupo de amigos (as) que acredite que o ex-casal precisaria ter chance de se encontrar, preconizo que tenham o cuidado de estarem atentos para não colocarem nenhum deles em situação de exposição ou constrangimento e, portanto, estarem prontos para intervir e evitar esse desgaste.

Mas o que fazer com as redes sociais?

Pensando no aspecto controlador desse recurso, quando essas características manipuladoras ou possessivas estiverem presentes na outra parte, o  melhor talvez seja bloquear esse(a) ex, para que você se sinta à vontade para postar fotos, pensamentos, baladas sem que isso se torne um espaço para discussões e enfrentamentos. Esse recurso também se faz necessário para uma enorme quantidade de ex-casais, mesmo quando se tem filhos, pois é uma atitude para preservar sua individualidade.

Terminar algo que não faz mais sentido ou não faz bem, que já se tentou resgatar e não foi possível, é uma decisão muitas vezes imprescindível para retomar a energia da alegria de viver.  Ex não tem que fazer parte ou estar atuante na sua vida, pode ser pai ou mãe dos seus filhos. Se fosse uma relação boa de ser vivida não teria virado ex!