Psiquiatra alerta sobre os perigos do consumo crescente de crystal

por Danilo Baltieri

"Já usei cocaína e crystal. Qual a diferença entre essas drogas? Com o crystal, fiquei 5 noites sem dormir."

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Resposta: Cocaína/Crack e Crystal (meta-anfetamina) são substâncias psicoativas potentes estimulantes do Sistema Nervoso Central, com elevado potencial para induzir quadros de síndrome de dependência e problemas físicos/psiquiátricos.

Apesar dos seus efeitos amplamente nocivos, estima-se que, ao redor do mundo, cerca de 19 milhões de pessoas sejam usuárias de cocaína. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, em uma pesquisa realizada no ano de 2015, constatou-se que cerca de 2 milhões de pessoas com mais de 12 anos de idade eram usuárias regulares de cocaína, enquanto cerca de 900.000 pessoas acima de 12 anos de idade eram usuárias regulares de meta-anfetamina.

Um aspecto notável destes dados, quando comparados com pesquisas anteriores, é que o uso da meta-anfetamina aumentou em quase 40% de um ano para o outro. Os centros de monitorização dos serviços de emergência médica americanos têm constatado que, enquanto as entradas nos prontos-socorros decorrentes da intoxicação por meta-anfetamina têm duplicado de 2007 a 2011, as entradas nestes serviços em decorrência do uso de cocaína têm-se mantido equivalentes para este mesmo período.

Transtornos

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Os transtornos relacionados ao uso de estimulantes, como a cocaína e a meta-anfetamina, englobam diversos sintomas, que variam desde a perda do controle, agitação psicomotora, evidência de tolerância, sintomas de síndrome de abstinência, uso em situações de risco, exposição social, prejuízos sociais, financeiros, pessoais dos mais variados, ideação suicida, sintomas depressivos, sintomas ansiosos, prejuízos do pensamento, sintomas psicóticos (alucinações e/ou delírios)…

Dado o progressivo aumento do consumo de meta-anfetamina, tentativas têm sido feitas para reduzir o acesso dos “fabricantes domésticos” às substâncias precursoras da meta-anfetamina, tais como a efedrina, a pseudoefedrina, e a fenilacetona. No entanto, esta estratégia parece não estar mitigando o consumo da droga, tendo em vista a existência de grandes fornecedores e a farta demanda.

Na verdade, usuários buscam através do uso dos estimulantes as sensações de prazer imediato, energia, melhora da atenção e atividade motora. Contudo, após o consumo, ou seja, no período de recuperação, são extremamente comuns as sensações de falta de energia, tristeza, apatia, choro fácil, arrependimento. Isso é devido, em parte, à redução (depleção) de algumas substâncias cerebrais, tais como as monoaminas, bem como devido às perturbações em eixos de controle hormonal cerebral.

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De fato, ambas cocaína e meta-anfetamina provocam inicialmente substancial aumento na liberação cerebral de monoaminas (por exemplo, da dopamina). No entanto, estas substâncias psicoativas – cocaína e meta-anfetamina – são dissimilares em termos de ação sobre o Sistema Nervoso Central e demais sistemas orgânicos. A meta-anfetamina, em doses equivalentes à cocaína, demonstra maior potência para liberar dopamina, devido às suas ações dentro e fora das células do cérebro, provocando modificações na conformação de receptores. Além disso, a meta-anfetamina demora mais tempo para ser eliminada do organismo (cerca de 6 horas mais) do que a cocaína.

Desta forma, apesar de ambas as substâncias serem amplamente devastadoras e apesar de informações como esta acima fornecida, a meta-anfetamina chega ao mercado com força e promete fazer vítimas sem pena.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.