Deixamos de buscar o que já existe para repensar o vazio da existência

por Samanta Obadia

Falar de vida torna-se cada vez mais necessário quando a morte parece estar na moda.

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Suicídio, terrorismo, 'Jogo da Baleia Azul’, a série americana ’13 Reasons Why’. Pais preocupados com seus filhos, psicólogos se atualizando sobre os novos movimentos dos adolescentes na internet.

Afinal, para quê tanto alarde?

Vida e morte sempre foram questões fundamentais para os seres humanos. Somos entes projetados para o futuro, que temos consciência de nossa finitude e curiosos, buscamos saídas e soluções para o desconhecido. A morte nos incomoda, porque finda a relação com a consciência da existência.

Mas por que as pessoas têm pensado nisso como uma questão nova? Por que não valorizam o conhecimento já produzido? O que temos perdido é a fé na humanidade, esquecendo a história do pensamento, naquilo que já foi o percurso de tantas mentes brilhantes: Sêneca, Sartre, Kierkegaard, Schopenhauer, Nietzsche, Durkheim.

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A falta de leitura e de interesse pelo profundo conhecimento humano que já está disponível é o que mais me assusta. Deixamos de buscar o que já existe para repensar o vazio da existência contemporânea.

Por quê?

Que pretensão é essa que invalida o passado?

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Ou será a ilusão de que o novo é o que presta?

O maior vazio é o que se apresenta na solidão daquele que não se percebe como parte do todo.

O ser humano é fruto de uma história que inclui seus antepassados. Isso o faz. Da mesma forma, que carrega a responsabilidade do que está construindo para os que virão.

A morte não deve amedrontar, porque faz parte da vida. Mas o vazio sim. Pois esse não deve fazer parte do todo.