Engolir sapo: chega uma hora que o limite acaba!

por Roberto Santos

Com alguma frequência recebo e-mails relatando preocupações, insatisfações e até traumas de pessoas que “têm” que conviver ou aturar chefes-mala ou seus similares em outros níveis da empresa.

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Algumas são vítimas de pouco caso, de favoritismos descarados ou mesmo de assédio moral, em suas várias formas – das mais sutis como colocar os subordinados na geladeira ou em banho-maria, de frituras lentas e graduais, mas não menos dolorosas, a maus tratos verbais que podem chegar a níveis inimagináveis num ambiente organizacional.

Tenho uma ligação muito forte com músicas e sempre encontro na inspiração de compositores de várias origens e nacionalidades, alguma mensagem que me lembra as situações que nossos leitores se referem nas consultas sobre sua Gestão Pessoal.

Ouvi hoje, pela enésima vez, um jovem cantor americano, ainda pouco conhecido por aqui, Brett Dennen, expressando aquelas coisas de nosso mundo que são suficientes para deixar você louco – crianças treinadas para a guerra, a privacidade sendo massacrada, etc. Uma frase dessa canção me chamou a atenção pela proposta do artista: “Nunca hesite em falar o que pensa. Nunca hesite em se fazer ouvir”.

Voltando ao nosso tema, essas pessoas, consagradas (erroneamente) com um poder que a empresa lhes confere, são capazes de nos entristecer, de minar nossa autoconfiança e de levar-nos até o limite de nos fazer adoecer com gastrites, cefalites, sinusites, e todos os “ites” doentios, frequentemente, de causa psicológica.

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Como escutei certa vez, “chega uma hora que o limite acaba”… mas isso não acontece para todas as pessoas, todo o tempo.

O limiar para dor ou para suportar esses maus tratos é muito diferente para diferentes pessoas. Aguentamos estas condições seja por não vermos alternativas no mercado e não podemos ficar desempregados, seja por começarmos a achar que o problema é nosso e não do chefe-mala, seja porque já estamos tão enfraquecidos que não conseguimos mais tomar nenhuma iniciativa para mudar e nos acomodamos no papel de vítimas, enfim porque “esticamos” o limite de nossa paciência ou resistência psicológica.

Onde está o limite?

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Qual das causas acima explica nosso limiar de sermos assediados ou agredidos moralmente?

Não parece haver uma causa única e simples. Provavelmente, convivemos com uma mescla destas razões para nos deixarmos adoecer por superiores ou pares de caráter e índole duvidosos.

Contudo, enquanto hesitarmos em falar o que pensamos e desistirmos de lutar para sermos ouvidos pela pessoa que nos aflige e pelos níveis superiores a esta, continuaremos numa rota de descarrilamento para o penhasco da total falta de confiança em nós mesmos. Perderemos a coragem para buscar uma nova oportunidade de conciliarmos trabalho com satisfação, que nos permita acordar na segunda-feira com a disposição de quem vai satisfazer suas necessidades afiliativas e realizar seu potencial intelectual.

É…estas situações no trabalho são “suficientes para deixá-lo louco” mas em quantas delas uma reação está a nosso alcance, fazendo-nos ser ouvidos e falando aquilo que sentimos e pensamos. Pense nisso!