Por que o homem e a mulher respiram de modo diferente

por Nicole Witek

Geralmente ao olharmos um homem constatamos que o movimento respiratório se localiza mais na região abdominal. Podemos deduzir assim que ele usa o diafragma para respirar.

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Lembrete: o diafragma é uma lâmina musculosa situada entre o aparelho respiratório e o aparelho digestivo. O diafragma é o músculo principal da respiração. O movimento do diafragma condiciona o “rendimento” da respiração. Uma linda respiração completa abaixa o diafragma para que o ar encha a parte inferior dos pulmões, depois amplia a caixa torácica em todas as dimensões e finalmente completa a captação de ar pela parte superior, debaixo das clavículas.

Na mulher, a tendência é de uma respiração que acontece mais na região superior do tórax. Essa respiração é chamada de respiração clavicular ou subclavicular. Infelizmente, respirar com essa parte do tórax requer mais esforço para uma entrada de ar mínima! Por experiência e observação posso afirmar que a mulher usa geralmente uma respiração alta (subclavicular). Olhe um pouco ao seu redor.

Tanto na mulher quanto no homem, o aparelho respiratório é idêntico. Então, por que existe uma diferença tão marcada entre os dois sexos? Por que as mulheres respiram tanto pela parte alta dos pulmões?

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A resposta mais simplória é o tipo de vestuário: sutien, cinta, cinto e outras peças de roupa apertadas; a respiração da mulher teria sido alterada. Porém, esse fato não é suficiente para justificar uma alteração tão grande da respiração da mulher.

Precisamos procurar mais fundo as causas desse “mal”!

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Observando os bebês, podemos ver que os de sexo feminino, mesmo respirando geralmente pelo abdome, às vezes respiram pela parte alta do tórax. Nesse caso, não podemos pensar que a roupa é responsável por essa situação.

Se eu me referir à grande especificidade feminina, penso na maternidade, grande diferença que justifica o papel da mulher. Nesse evento maravilhoso, posso encontrar uma explicação mais interessante.

Durante a gestação, na medida em que o bebê cresce no ventre da mãe, o útero cresce também até usar o espaço todo da cavidade abdominal. O bebê usa todo o espaço, a tal ponto que gradativamente a respiração diafragmática fica impedida e travada, bloqueada pelo volume do bebê.

No final da gestação, a mãe não consegue usar o diafragma para respirar, pois esse não pode mais descer. O papel de pistão necessário a uma respiração plena e equilibrada não pode mais ser exercido.

O volume do bebê acrescentado ao volume da placenta, obriga inconscientemente a mulher a modificar seus padrões normais de respiração e a jogar o ato respiratório “para cima”, em direção das clavículas.

Basta observar uma mulher gestante. Você verá que a gestação a obriga a respirar dessa forma.

E mais, fora o momento da gestação, de maneira instintiva, quando aparece uma resistência, uma dificuldade, um estresse, a respiração da mulher se desloca para a região das clavículas. Podemos pensar que os bebês de sexo feminino treinam esse tipo de respiração desde o berço?!

Outra coisa com relação ao vestuário: assim que uma peça de roupa aperta um pouco o abdome, cria-se um mecanismo de defesa, e a mulher, automaticamente e inconscientemente, adota uma respiração alta – subclavicular, enquanto o homem reage de forma diferente.

Como? Quando algo aperta o ventre do homem, ele simplesmente devolve o espaço necessário ao ventre, desaperta ou alarga um pouco o cinto e o diafragma volta a descer, assim a respiração ocupa seu devido lugar.

Talvez aqui esteja a explicação (sexista) sobre por que o homem luta ou desloca o obstáculo enquanto a mulher tem mais tendência a contorná-lo. Rsss

Geralmente a mulher é mais ansiosa do que o homem, mais sensível e se impressiona mais. Nessas circunstâncias, a tendência é de bloquear a musculatura abdominal em posição de defesa. Essa musculatura torna-se um obstáculo, uma resistência à respiração diafragmática – mais ampla e profunda.

A fisiologia da mulher já tem uma resposta pré-programada. O corpo vai recorrer ao programa de socorro em caso de impedimento “abdominal”: ele arma a respiração clavicular como se fosse um caso de gestação. Infelizmente esse tipo de respiração não é muito eficaz.

O rendimento de tal respiração é muito baixo. A respiração clavicular só pode ser feita de maneira temporária e em momentos muitos específicos da vida da mulher.

A mulher deverá estar muito atenta para não deixar a respiração clavicular se tornar seu modo “habitual” de respirar, pois corre o risco de diminuir a oxigenação e a energização dos órgãos e, a longo prazo, de instalar distúrbios físicos e psíquicos difíceis de ser eliminados.

Enquanto o homem nunca viverá essa situação da gestação, a mulher, depois do período da gravidez, deverá estar atenta a favorecer, treinar o diafragma para que volte a ter seu movimento correto, obtendo uma respiração ampla e com bom rendimento.

Bibliografia:
Andre Van Lysebeth, revista Yoga nº 213

Fonte das ilustrações:

http://conversademenina.wordpress.com/2010/04/27/mudancas-no-corpo-da-mulher-durante-a-gravidez/
http://www.treinoanimal.com/2012/04/importancia-da-respiracao-na-http://vyaestelar.uol.com.br/post/5825/adquira-definicao-muscularl