por Gilberto Coutinho
A clorela (Chlorella pyrenoidosa ou regularis) é uma alga verde de água doce, da família da cyanophyta, microscópica, unicelular, esférica (sem *flagelo), clorofilada (considerada a maior fonte de clorofila), uma das mais antigas formas de vida do planeta (com cerca de 2,5 bilhões de anos; acredita-se ser a primeira forma de vida com um núcleo celular verdadeiro), cujo tamanho equipara-se ao das células vermelhas (eritrócitos ou glóbulos vermelhos) do sangue humano.
Desenvolve-se espontaneamente em tanques e lagos. Apresenta elevado valor nutritivo e grande capacidade de realizar fotossíntese. O termo Chlorella provém do prefixo grego “chloros”, “verde”; e do sufixo latino “ella”, “pequeno”.
A clorela foi identificada pelos japoneses, grandes consumidores de algas. Os primeiros estudos, realizados por alemães e norte-americanos a respeito da clorela, ocorreram durante a II Guerra Mundial com o objetivo de encontrar-se uma alternativa de complementação alimentar para os campos de batalha. Atualmente, a China e o Japão são considerados os maiores produtores dessa alga, onde é cultivada em escala industrial com uma avançada biotecnologia.
Constituintes da Clorela
• 60% de proteínas (possui mais proteínas do que a soja (37%), a carne de vaca (45%) e o trigo (10%); é capaz de produzir 50% mais proteínas do que qualquer outro ser vivo).
• Oito aminoácidos essenciais e todos os não-essenciais (apresenta apenas uma pequena redução na quantidade de metionina).
• Uma grande quantidade de beta-caroteno (precursora da vitamina A, a clorela é uma das mais ricas fontes de beta-caroteno, 10 vezes mais do que as cenouras).
• Vitaminas C, E; K; B1, B2, B6 e B12 (contém mais vitamina B12 do que o bife de fígado; é comum a falta de B12 em dietas vegetarianas e macrobióticas).
• Niacina (um dos componentes da vitamina B3).
• Ácido pantotênico (um dos componentes do complexo B; em sua carência, parece ocorrer uma menor resposta funcional das glândulas supra-renais em situações de estresse).
• Ácido fólico (sua deficiência ocasiona: má formação de células vermelhas; anemias).
• Biotina (parte do complexo B; sua deficiência pode acarretar cansaço, eczemas, palidez, dores musculares e atrofia das papilas da língua).
• Colina (participa no metabolismo dos lipídios e na transmissão dos impulsos nervosos; sua deficiência pode acarretar degeneração gordurosa do fígado, retardo do crescimento, involução da glândula timo e diminuição da secreção láctea).
• Inositol (do grupo do complexo B; participa do metabolismo das gorduras; acredita-se ser capaz de reduzir a congestão do fígado e de protegê-lo).
• Ácido para-aminobenzóico ou PABA (importante precursor do ácido fólico).
• Outras vitaminas em pequenas quantidades.
• Sais minerais e outros componentes: cálcio; magnésio; zinco; cobre; manganês; ferro; enxofre; iodo; fósforo; potássio; cobalto; selênio e também enzimas (dentre as quais, importantes enzimas digestivas); fibras; ácidos graxos poliinsaturados e ácido lipóico.
Clorela e viagens espaciais
A clorela, por apresentar um importante concentrado natural de nutrientes e por ser uma fonte rica de elementos primários, é considerada um alimento completo. Por tal razão, serviu de alimento para os soldados na II Guerra Mundial. Atualmente, é utilizada como suplemento nutricional pelos astronautas da NASA em viagens espaciais. Como é rica em clorofila, previne e combate a anemia ferropriva; apresenta propriedades desintoxicantes (pois pode auxiliar na desintoxicação do organismo afetado por metais pesados, como por exemplo mercúrio, e outras substâncias, como pesticidas) e remineralizantes. É indicada na prevenção e no combate do envelhecimento precoce e como estimulante das defesas imunológicas.
Indicações Terapêuticas
• Nos quadros de anemia e carência alimentar.
• Fortalecimento do organismo.
• Antiviral e antitumoral.
• Azia e gastrite.
• Fraqueza, debilidade física e mental.
• Imunoestimulante.
• Combate a acidez sangüínea.
• Oferece elementos protoplásmicos que auxiliam na reparação tecidual, na integridade, no crescimento e desenvolvimento celular.
• Estresse.
• Na convalescença e senilidade.
• Bacteriostática e antiinflamatória.
• Beneficia a digestão e o funcionamento intestinal.
• Combate o envelhecimento precoce.
• Devido à alta concentração de clorofila, auxilia na desintoxicação do organismo e beneficia o sistema digestivo.
• Desnutrição.
• Memória fraca.
• Contra a obesidade (como auxiliar no tratamento e nos regimes de emagrecimento, a clorela deve ser consumida 30 minutos antes das refeições, pois promove uma sensação de saciedade).
• Doenças cardiovasculares e degenerativas.
• Nos quadros elevados de colesterol e triglicerídeos.
Seu uso terapêutico é também recomendado para bebês, crianças, grávidas, idosos e adolescentes. O consumo da clorela deve ser muito criterioso, pois há, infelizmente, falsificação desse produto. Recomenda-se a importada do Japão, onde os métodos de produção são os mais adequados.
Uma dosagem elevada pode causar ligeira diarréia, urticária e erupções na pele. Deve-se, portanto, combater a automedicação e somente fazer uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição de um profissional em consultório.
*Flagelo é um filamento móvel (cauda), responsável pelo deslocamento de certos microorganismos e células