Da Redação
“Para minimizar o risco do câncer e de inúmeras outras doenças, a adoção de uma dieta saudável é o primeiro passo”, orienta o oncologista Murilo Buso. A relação entre o consumo de certos alimentos e o risco de câncer possui evidência científica, apesar da complexidade dos fatores que estão associados à ingestão dos alimentos, como por exemplo: conservação, preparo e quantidade consumida.
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para surgir, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. São os ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, entre outros.
Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos, como os nitritos e nitratos, usados para conservar alguns tipos de alimentos – picles, salsichas, outros embutidos e alguns tipos de enlatados. Essas substâncias transformam-se em nitrosaminas no estômago que, por sua vez, têm ação carcinogênica potente, sendo responsáveis pelos altos índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos com essas características de forma abundante e freqüente.
Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida. Os alimentos preservados em sal – tais como: carne-de-sol, charque e peixes salgados – também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago em regiões onde é contínuo o consumo.
Tipo de preparo também influencia
O tipo de preparo do alimento também influencia no risco de câncer. Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos que aumentam o risco de tumores de estômago e de reto. Por isso, métodos de cozimento que usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis. São eles: vapor, fervura, pochê, ensopado, guisado, cozido ou assado.
“A alimentação saudável somente funcionará como fator protetor quando adotada constantemente, no decorrer da vida”, enfatiza.
Confira alguns dos estudos que relacionam alimentos a tipos específicos de câncer:
Cólon e Reto – Estudos demonstram que uma alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (hambúrguer, batata frita, bacon etc.) estão relacionadas a um maior risco para o desenvolvimento de câncer de cólon e de reto, possivelmente porque, sem a ingestão de fibras, o ritmo intestinal desacelera, favorecendo uma exposição mais demorada da mucosa aos agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal.
Mama e Próstata – A ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco dos cânceres de mama e de próstata. Há vários estudos epidemiológicos que sugerem a associação de dieta rica em gordura, principalmente a saturada, a um maior risco de desenvolvimento desses tipos da doença em regiões desenvolvidas.
Estômago e Esôfago – Ocorrem mais freqüentemente em alguns países do Oriente e em regiões pobres, onde não há meios adequados de conservação dos alimentos (geladeira), o que torna comum o uso de picles, defumados e alimentos preservados em sal. Também ocorre em locais nos quais é comum o consumo diário de alimentos em altas temperaturas (exemplos: sopas e chás).
Fígado – Grãos e cereais armazenados em locais inadequados e úmidos podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, que produz a aflatoxina, substância cancerígena. Há estudos que relacionam essa toxina ao desenvolvimento de câncer de fígado.