por Antônio Carlos Amador
A difusão da cultura e da informação, através dos meios de comunicação e internet, torna possível que um número maior de pessoas, de várias camadas sociais, tenha um amplo panorama de diversas formas e estilos de vida.
Em muitos países, as normas para estilos de vida socialmente aceitáveis estão mais elásticas do que eram durante a primeira metade do século XX.
Levar uma existência fora do âmbito familiar já não é mais inconcebível com outrora, quando quem não se casava era simplesmente considerado incapaz de encontrar um companheiro. A mulher solteira era rotulada de "solteirona encalhada" e o homem solteiro era visto como um "devasso incorrigível". Sobre ambos, embora com pesos diferentes, pendia o juízo severo da sociedade. Hoje quem não é casado se vê cada vez menos obrigado a justificar sua "diversidade".
De fato, nesses últimos anos a maneira de proceder na vida particular mudou radicalmente. Há aqueles que optam por se casar, os que apenas coabitam e os que preferem ficar sozinhos. Muitas pessoas se casam mais tarde, quando se casam; mais filhos são concebidos fora do casamento e mais casamentos são rompidos. Algumas optam por permanecer solteiras, outras por viver com um parceiro do mesmo sexo, ou divorciar-se e casar novamente, ou então constituir uma família monoparental (ser pai solteiro ou mãe solteira). Há ainda indivíduos que decidem permanecer sem ter filhos. Essas opções podem modificar-se durante a idade adulta. Dessa forma, a criatividade e a fantasia aplicadas ao viver foram ampliadas. Diferentemente das experimentações adolescentes, são opções de vida amadurecidas individualmente e oriundas de necessidades que, uma vez reconhecidas, foram levadas em consideração e satisfeitas.
A busca pela realização pessoal conquistou diversos campos de ação, entre os quais hoje figuram, também para a mulher, a carreira profissional e uma vida afetiva e sentimental liberta do vínculo matrimonial.
Saber viver com criatividade é o fundamento sobre o qual deveria assentar cada passo dado na nova direção. Viver com criatividade: fazer com que o presente não seja uma repetição obrigatória do passado. Isso depende em grande parte dos relacionamentos interpessoais. Para viver o presente com plenitude é necessário reconhecer com confiança a interdependência que se estabelece entre as pessoas e aceitar sem receios tanto a dependência funcional (coabitação, relações de trabalho, relações familiares etc.), quanto a dependência afetiva (o desejo e a troca de amor, afeto e atenção). Uma vez alcançado um bom grau de autonomia e maturidade emocional pode-se viver sem ansiedade quaisquer tipos de relações, sem correr o risco de ser por elas dominado.