Em um mundo onde tudo é impermanente, mais cedo ou mais tarde temos que aprender a lidar com o luto. Deixar ir é uma arte, talvez uma das mais difíceis de serem vividas. Pessoas se vão de nossas vidas, trabalhos se desfazem, sonhos se despedem, conquistas se perdem. Dia após dia nos despedimos de nós mesmos, a juventude se vai, o dia de hoje se vai… É inevitável, entendem?
Já não temos hoje o vigor de ontem, e isso não é algo que o ego aceite com facilidade. Lidar com o luto requer certa graça que só a alma sabe ter. Deixar ir dói, não se enganem, pois todos somos feitos dessa mesma matéria que um dia vira pó, e o humano em nós sofre ao ver os átomos se libertando da forma que acostumamos a reconhecer como vida.
A ilusão da separatividade
Sofrer uma perda, por mais que saibamos de seu caráter ilusório, fere a carne que acreditamos ser. Lidar com o luto requer uma profunda conexão com aquilo que de verdade somos. Apenas na “não forma”, na incontestável presença da luz, somos capazes de sentir paz frente à matéria que se desfaz como um castelo de cartas ante nossos olhos incrédulos.
Apenas quando somos luz conseguimos ver beleza na luz que se liberta. Não é fácil. Oscilamos frente à morte, nos equilibrando entre nosso ser material e nossa etérea imaterialidade. Ainda assim, estamos aqui, todos nós, para aprender a nos reconhecermos na branca face daquilo que existe para além do conhecido terreno da matéria.
Assim, em momentos de luto, seja gentil consigo mesmo. Abrace sua dor na beleza da presença daquilo em você que dança com as estrelas. Dê a si mesmo o tempo necessário para que sua luz dissolva aquilo em você que sofre. Confie, podemos fazer isso, todos nós. Acolha a si mesmo, respire e sinta a paz.