por Marcelo Toniette

"Namoro há dois anos com um homem de 60 anos, faz 8 meses que ele só me procura a cada 15-20 dias. Sexo, só quando ele tem vontade. Ele alega, ora que esta com problemas, ora que é a andropausa. Será?"

Resposta: Com o avançar da idade, a resposta sexual tende a apresentar alterações – clique aqui. Porém, o sexo não acaba com tais alterações que apenas exigem ajustes ao longo do tempo para lidar com essa nova realidade física e emocional.

Pelo que você descreve, existe pouca vontade por parte de seu namorado em procurá-la para o encontro sexual. É importante saber que os problemas vivenciados por ele no cotidiano podem interferir na resposta sexual, tornando-o pouco disponível para a atividade sexual.

Andropausa: tema rende muitas discussões no meio científico

A andropausa é um tema que ainda rende muitas discussões no meio científico e esse termo que vem sendo largamente adotado para caracterizar algumas alterações que ocorrem ao longo de envelhecimento do homem decorrentes da diminuição da produção de alguns hormônios. Tais alterações influenciam na resposta sexual do homem, sendo que ele necessita de mais estímulo para obter e/ou manter a ereção.

As ereções podem se tornar menos firmes, mudança no controle ejaculatório e, principalmente, aumento do que se chama de “período refratário”, ou seja, do tempo compreendido entre o final de uma relação sexual e o início de outra.

Dependendo de como o homem lida com a sua sexualidade, nesta fase de sua vida, ele pode ter inibido o seu prazer sexual, ou mesmo a busca desse prazer. Não vamos esquecer que a questão aqui não é apenas de ordem orgânica ou fisiológica, mas de como o homem vivencia este momento, que está vinculada à cultura da qual faz parte e como essa lida com a questão do envelhecimento.

Rejeitar vivência de envelhecer gera alto custo emocional

Quando o homem (e a mulher também) se apercebe das transformações do seu corpo, logo ele tende a tomar como referência outros tempos em que a força e juventude corriam em suas veias. Aliás, essa busca da juventude eterna é marca da nossa cultura ocidental, em detrimento de outros valores do ser humano. Com isso, a vivência do envelhecer acaba sendo rejeitada, desvalorizada e a auto-estima abalada. Mas é importante se ter claro que l. Negar o nosso momento de vida pode acarretar um alto custo emocional.

O envelhecimento não é uma fase de perdas, mas de ganhos, seja na experiência, seja no aprendizado em priorizar aspectos importantes da vida, seja na maior amplitude que se tende a ter nesta fase da vida… Enfim, envelhecer pode ser um processo positivo. Claro que as condições sociais e culturais são importantes, e que essas também influenciam no bem-estar de uma pessoa, pois não estamos desvinculados a elas. Porém, vale colocar limites à tirania de algumas imagens a exemplo da “como o passar da idade, a sexualidade acaba”, ou “ser velho não é bom”… Poderíamos elencar mais uma série de idéias distorcidas e genéricas que nem sempre vão ao encontro da vida singular das pessoas.

O importante é encontrar alternativas para o bem-viver, lidando com a nova condição física e emocional, lidando com as condições sociais, encontrando alternativas e possibilidades que contribuam para o bem-estar.

Procure o diálogo, mas evite cobranças

Converse mais com o seu namorado. Nada de cobranças na parte sexual. Troquem entre si as formas como cada um aprecia ter prazer um com o outro, de trocar afeto, de conviver (de coexistir, de compartilhar o mesmo espaço). Aos poucos, respeitando o ritmo de cada um, vocês vão retomando, juntos, a vida sexual de vocês. A resposta sexual não acaba com o tempo. O sexo pode ser parte do processo do envelhecer, salvo em alguns casos decorrentes do uso do fumo, álcool, assim como outras drogas psicoativas, além do sedentarismo, dieta desbalanceada, que tendem a acentuar alterações no organismo gerando diabetes, obesidade, doenças coronárias, hipertensão, que geram limitações inclusive na parte sexual.

Por fim, a sua pergunta remete a uma realidade humana. Torna-se importante ao longo do envelhecimento em compreender as mudanças físicas e emocionais de uma forma positiva e plena. A auto-estima e a melhoria da qualidade dos relacionamentos sociais também contribuem para uma vida saudável. Sempre é bom lembrar que a atividade física e a adoção de hábitos saudáveis são alternativas importantes para se prevenir doenças e favorecer uma boa qualidade de vida, o que por si também favorece a vivência afetivo-sexual.

Atenção!
As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psicologia e não se caracterizam como sendo um atendimento.