Da Redação
Cada vez mais a mulher quer ter a oportunidade de comandar a sua vida e decidir qual o melhor momento para cada conquista. Nesse sentido, os métodos anticoncepcionais são fortes aliados.
Com o seu uso, as mulheres ganharam uma autonomia muito grande sobre suas funções reprodutivas; começarama decidir se querem ou não gestar, quantos filhos ter… e passaram a desfrutar de sua sexualidade voltada só para o prazer e realização pessoal.
No entanto ainda vemos diariamente nos consultórios médicos, mulheres que não utilizam os contraceptivos por falta de informação sobre os mesmos, ou temor de alguns mitos difundidos erroneamente como “Se eu usar pílula por muito tempo, depois não vou conseguir engravidar”; ou “Dizem que os anticoncepcionais engordam muito!”.
Para facilitar o seu entendimento sobre os anticoncepcionais disponíveis e ajudá-la a encontrar o que mais se adequa ao seu perfil, a ginecologista e obstetra Dra. Denise Gomes elaborou uma síntese das principais características de cada método.
Lembre-se que estas informações são para minimizar suas dúvidas, mas que a decisão por um método deve ser feita juntamente com o seu ginecologista durante uma avaliação médica.
Tenha em mente que não existe método ideal: todos possuem alguma desvantagem e podem falhar. O melhor método contraceptivo é o que for bem praticado pelo casal e na maioria das vezes, qualquer anticoncepcional é preferível ao uso de nenhum método.
Métodos comportamentais:
São os que envolvem apenas conhecimento do ciclo ovulatório feminino e adaptações da atividade sexual de acordo com o mesmo. Baseiam-se na abstinência sexual nos períodos férteis ou na retirada do pênis no momento da ejaculação (método não eficiente). Exigem disciplina constante, ciclos mentruais regulares e um tempo de aprendizado de aproximadamente 6 meses. São métodos com alto índice de falha, de até 20%, sendo por isso não reconhecidos como métodos contraceptivos por muitos profissionais e não recomendados para pacientes com alto risco reprodutivo. Tembém estão associados a casos de disfunção sexual masculina e feminina. Porém, são os únicos aprovados pela Igreja Católica e por isso ainda encontram adeptos. São os métodos: tabelinha, Ogino-Knaus, Billingsou do muco cervical, temperatura basal e coito interrompido.
Métodos de barreira:
São assim chamados, pois “barram” a entrada dos espermatozoides na vagina e, consequentemente, no útero. Existem métodos físicos ou químicos, sendo mais comuns os físicos. Seu uso requer motivação, disciplina e constância, mas trazem uma enorme vantagem: proteção contra D.S.T.s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), inclusive a AIDS. O uso para pacientes com alto risco gestacional não deve ser estimulado, mas é uma boa associação a outros métodos para sexo seguro.
O método de barreira mais conhecido é o preservativo masculino, também chamado de camisinha. É uma opção de fácil acesso, baixo custo e disponível nas Unidades Básicas de Saúde, sem a necessidade de consulta médica prévia. Também há o preservativo feminino, o diafragma e os cremes espermaticidas.
Dispositivos intrauterinos:
Oprincípio básico dos DIUs (Dispositivos Intra Uterinos) é de atuar como um corpo estranho que, inserido na cavidade uterina, provoca um processo inflamatório de alta eficácia contra os espermatozoides, que pode ser potencializado pelo cobre ou pela ação progestagênica, dependendo do tipo inserido. Eles têm outras ações complementares como anovulação (suspensão da ovulação), alteração do muco cervical e do movimento das trompas uterinas. São métodos bastante eficazes, com índices de falhas em torno de 1-3%, que possuem como vantagem uma ação em longo prazo (5 a 10 anos). Possuem poucas contraindicações, as quais serão bem avaliadas por seu ginecologista.
O DIU de cobre, mais tradicional, não tem ação hormonal, sendo indicado para mulheres que não podem ou não querem usar hormônios. O ciclo menstrual é preservado, podendo ser ou não acompanhado de cólicas menstruais. Tem um custo bastante acessível. Deve-se sempre tomar cuidado para não ser inserido na vigência de uma infecção genital.
O DIU com Progesterona traz como adjuvante à ação hormonal, que geralmente provoca suspensão da menstruação, alívio das cólicas menstruais e dos sintomasda T.P.M (tensão pré-menstrual). Também tem indicação no tratamento de algumas patologias como miomas uterinos e endometriose.
Métodos hormonais:
São os mais solicitados nos consultórios ginecológicos tanto pela facilidade de uso, como pelos efeitos secundários dos medicamentos, que trazem alívio para diversas enfermidades. A ação fundamental dos anticoncepcionais hormonais é promover a anovulação, ou seja, a mulher deixa de ovular durante o uso deles. A ovulação é um evento desencadeado pelos ovários, sob ação de hormônios produzidos no cérebro e nos próprios ovários e, com a administração exógena de hormônios semelhantes aos produzidos pelos ovários, esses deixam de“trabalhar”.
Além da ação contraceptiva bastante eficiente, os hormônios provocam outras mudanças no organismo, algumas desejáveis, outras não. Agora, o maior temor das mulheres é com o ganho de peso. Acalmem-se, isto é um mito difundido pelas nossas avós, quando naquela época os anticoncepcionais continham grandes doses de hormônios e muitos efeitos colaterais. Hoje em dia, com as baixas doses hormonais, não observamos variações do peso das usuárias.
Os contraceptivos hormonais podem regularizar o ciclo menstrual, aliviar cólicas, melhorar a oleosidade da pele e acne, evitar o surgimento ou progressão de doenças como miomatose uterina, cistos ovarianos e endometriose. Infelizmente, em alguns casos podem aumentar os vasinhos das pernas e reduzir a libido.
Hojeem dia encontramos no mercado diversas apresentações dos hormônios anticoncepcionais, como as pílulas, injeções, adesivos, anéis vaginais, implantes e DIUs. Com certeza cada mulher pode achar uma apresentação que se adapte bem aos seus objetivos. Mas é importante ter em mente que o uso deve serf iel à indicação de bula, a fim de se evitar falhas dos medicamentos.
Métodos cirúrgicos:
São os métodos definitivos para contracepção. A cirurgia pode ser realizada tanto nos homens quanto nas mulheres. Neles, recebe o nome de vasectomia, e consite em um procedimento relativamente simples, que pode ser realizado ambulatorialmente, onde bloqueia-se os ductos deferentes, estruturas localizadas nas bolsas escrotais masculinas. Nas mulheres a cirurgia chama-se laqueadura tubária, procedimento cirúrgico de obstrução das trompas uterinas.
Tais cirurgias devem ser indicadas com cautela, pois a reversão, na maioria das vezes, não é possível. Além disso, existe uma lei federal que regulamenta a permissão para a esterilização feminina e masculina. Segundo essa lei acontracepção cirúrgica é permitida a homens e mulheres com capacidade civil plena, maiores de 25 anos ou com pelo menos 2 filhos vivos. São necessários 60 dias entre a manifestação do desejo e o ato, sendo vedada a esterilização durante os períodos de parto ou aborto (até 42° dia), exceto em casos de comprovada necessidade por cesarianas sucessivas anteriores ou em pacientes portadoras de doença graves com alto de risco de morte.