por Carlos Hilsdorf
É extremamente perigoso ser ingênuo. Devemos buscar sempre a pureza de pensamentos, sentimentos e atitudes, mas não devemos ser ingênuos.
No mundo encontramos de tudo, até pessoas boas…
Mas elas não são, necessariamente, a maioria em nosso caminho. Mantenha os olhos abertos, especialmente para a possibilidade de pessoas opressoras e manipuladoras exercitarem patologias sobre a sua vida.
Desconfie das pessoas que desconfiam excessivamente de você. Salvo terem passado por traumas muito profundos, elas costumam ter algo sério a esconder. Essas pessoas que cerceiam a sua liberdade, controlando seus passos e querendo decidir quem deve e quem não deve ter contato com você, no mínimo estão empobrecendo sua vida, no pior dos casos estão começando a destruí-la.
Opressão e autoestima
Maridos e esposas que, de maneira deliberada, minam a autoestima do cônjuge, julgando-o em demasia, apontando enfaticamente todas as suas menores falhas e agigantando os seus defeitos em toda e qualquer ocasião estão conscientes que, ao enfraquecerem a autoimagem de seu cônjuge, ampliam o domínio que possuem sobre o mesmo. Essas pessoas querem fazer você acreditar que ninguém mais no mundo, a não ser elas mesmas, iria querer ou suportar você. Muito cuidado para não acreditar nisso!
No trabalho, chefes que utilizam o seu poder para humilhar seus funcionários, rebaixando-os, criticando-os de maneira maldosa e não reconhecendo suas qualidades e acertos, seguem o mesmo raciocínio. A melhor maneira de impedir que você cresça, é fazer você mesmo desistir, acreditando que não pode crescer.
Em ambos os casos essas pessoas manipuladoras estão utilizando de persuasão para fazer com que você se sinta um lixo. Quanto menor você se sentir, maior parecerá o seu opressor. A força do opressor está no medo do oprimido!
Essas pessoas querem fazer você sentir medo de tentar coisas novas, medo de mudar de relacionamento, de emprego. Elas sabem, mesmo que instintivamente, que quanto maior for o seu medo, maior será o poder delas sobre você. Esse tipo de pessoa não perderá uma só chance em investir na sua desvalorização e nos seus medos.
Muitos pais também fazem isso com seus filhos, professores com alunos, contratantes com contratados, numa rede muito extensa de manipulação e opressão.
Não conheço opressores de bom caráter, até conheço manipuladores bem intencionados, mas ignorantes. Ninguém possui o direito de manipular e oprimir outro ser, isto é uma cruel forma de violência.
Venho acompanhando, com tristeza, um fato desses na vida de um dos meus melhores amigos, que não percebe, embora alertado, estar sendo fruto de manipulação e opressão. Ele está cego de ingenuidade!
Não devemos ser ingênuos, devemos procurar a bondade e a justiça com olhos abertos, senso crítico alerta e autoestima em dia.
O amor não permite algemas, a boa intenção não insulta e, quem quer o seu bem não te impede de crescer. Quando isso acontece, algo está muito errado…
A força do opressor está sempre no medo do oprimido. Todo opressor é antes de tudo um fraco que precisa da fraqueza do oprimido para sentir-se forte. Por isso ele trabalha na destruição da sua autoestima. A maior arma dos incapacitados consiste em fazer você se sentir como eles.
Um dia ouvi uma senhora dizer: -“Meu marido é altamente capacitado, ele é muito competente e inteligente, ele tem razão em achar que eu não sou nada…”
Esta senhora não percebeu que embora inteligente, competente e capacitado em suas atividades profissionais, lamentavelmente, seu marido está “incapacitado” para o convívio e para o amor, caso contrário jamais diria que ela “não era nada”.
Dizer que alguém é “um nada” é sempre um autodiagnóstico e uma projeção de fraqueza interior. Os sábios reconhecem sabedoria em tudo, as “pessoas de Deus”, reconhecem Deus em tudo, portanto, aqueles que intimamente, nos segredos da alma, só reconhecem “o nada” ao seu redor, em verdade se sentem “um nada”.
Não seja ingênuo! Ninguém, a não ser você mesmo, pode negar o seu valor. Não seja opressor de si mesmo. Seu valor é incontestável e único, por isso não pode ser comparado com o valor de outras pessoas. Quem escreve não possui mais valor do que quem lê, quem ensina não possui mais valor que quem aprende – apenas possuem valores diferentes. Não haveria escritores se não houvesse leitores, não haveria professores se não houvesse alunos, portanto o valor der uns, depende nitidamente do valor dos outros.
Não acredite em quem não acredita em você, não seja ingênuo, procure ser bom e justo, começando por você mesmo!