por Luiz Alberto Py
Muitas pessoas, principalmente mulheres, me escrevem para falar do lento fracasso de seus casamentos. Depois de alguns anos, elas percebem que já nada sentem por seus maridos e que esses também demonstram indiferença, embora muitas vezes insistam em dizer que as amam, que está tudo bem.
Mas elas veem que eles se interessam por outras mulheres, que chegam mais tarde em casa e que têm pouca paciência para lidar com as dificuldades domésticas.
São sinais cada vez mais evidentes da falta de entusiasmo com a relação. Por vezes já lhes apareceu um candidato a namorado, em algumas situações houve contato físico e até relacionamento sexual. Para lidar com essa situação, é necessário começar abrindo um canal de comunicação entre o casal, para tentar dialogar sobre o risco de que o casamento esteja naufragando.
Quando se consegue debater com sinceridade, calma e muita paciência os problemas da relação, algumas vezes é possível recuperá-la. Isso demanda esforço, dedicação e muito desejo de continuarem juntos.
Se, apesar das tentativas, não for encontrada uma fórmula para a sobrevivência do casamento, o casal deve se preparar para a separação, de preferência de comum acordo. É importante pensar no bem-estar dos filhos, se esses sofrem mais com uma separação amigável e planejada ou com a vivência diária dos atritos de um casamento fracassado.
Separação: falta de preparo vem de condições emocionais e econômicas
A dificuldade reside no fato de que as pessoas não estão preparadas para enfrentar a separação. E essa falta de preparo se origina em dois fatores básicos: as condições emocionais e as condições econômicas. Quanto às condições emocionais, é fundamental lembrar que quando nos casamos – pelo menos pela primeira vez – existe uma expectativa de que o casamento dure para sempre. Esse é um compromisso que costuma ser assumido pelos namorados e ratificado pela cerimônia do casamento. As pessoas que estão vivendo a deterioração de seu casamento precisam abrir mão dessa ilusão e aceitar a situação caso ela não possa ser remediada.
É preciso, então, organizar a situação econômica. A mulher tem que ter uma fonte de renda (que pode ser a pensão do marido, se essa for suficiente, ou um trabalho próprio) que lhe garanta a sobrevivência e a liberdade. Em geral, a soma da pensão para os filhos com o trabalho próprio costuma ser a solução para a maioria dos casos. Não se pode esquecer que separar custa dinheiro, pois algum dos dois tem que montar outra casa e enfrentar as despesas com a compra de objetos, móveis e aluguel.
E a prioridade absoluta deve ser o bem-estar dos filhos. Esses, que estão sofrendo com a separação dos pais, têm todo o direito de serem tratados com a maior delicadeza e o maior cuidado possíveis. Vale lembrar que os filhos não podem servir de desculpa para a manutenção de um casamento falido. Ao contrário, pelo bem deles, o casal deve buscar a separação para protegê-los do desconforto de viver em um lar infeliz. Muitas vezes são os próprios filhos que se queixam do descompasso entre os pais e afirmam que preferiam que eles se separassem.
Finalmente, a grande motivação para a separação é a tentativa de viver melhor. E a meta a ser buscada é a possibilidade de ser mais feliz.