por Rosemeire Zago
Rigidez, inflexibilidade, teimosia, intransigência e obstinação. Quem nunca conviveu com pessoas assim? São pessoas rígidas em seu modo de vestir, falar, pensar, sentir e agir.
A rigidez é um apego obstinado às próprias ideias, vontades e gostos, nunca admitindo seus erros, muito menos a diferença. Não importa se o caminho levará até o mesmo fim, o fato de não ser conduzido como deseja é motivo para seu julgamento e condenação.
Conviver com pessoas que estão sempre com a razão, querendo sempre ensinar, tendo a mão sempre uma receita para tudo, pois elas sabem o que é melhor para todos e que jamais transgridem a nada. Isto significa viver relacionamentos desgastantes e insatisfatórios.
Quase sempre acabamos por fugir de pessoas rígidas, rigorosas, exigentes, onde atrasar um minuto pode se tornar motivo para uma séria discussão, pois sempre se sentem desrespeitadas. Será que elas próprias se respeitam? Pois as pessoas teimosas vão ao excesso do desrespeito, não dando oportunidade para as diferenças pessoais que existem entre todos. Pessoas que são incapazes de aceitar uma opinião diferente estão constantemente discutindo por onde passam. E para quem está ao lado e quer evitar discussões só resta escutar, sem nunca poder expressar uma opinião ou experiência diferente. São pessoas com pontualidade britânica e que cumprem seus deveres com exatidão.
Pai e mãe rígidos
Já imaginou ter um pai ou mãe rígida em sua educação, comportamento, julgamento, onde tudo que é diferente do que acreditam se torna errado? Como acreditar em seu jeito exclusivo de ser quando há uma pessoa te lembrando a todo o momento que agiu errado? Quando apenas agiu de modo diferente do que ela acredita. Como é esperar ser aceito, reconhecido e aprovado por uma pessoa rígida? É estar constantemente se decepcionando, esperando em vão agradar alguém que parece não ser agradado nunca, por mais que se faça.
Você reconhece alguém assim em seu círculo familiar ou de amigos? Como é conviver com uma pessoa que o julga errado em tudo que você faz, pois não corresponde ao seu jeito rígido de ser? A rigidez cria um ambiente hostil e tenso. Pessoas rígidas são as mais propensas a sofrerem dores de cabeça, musculares, principalmente nas costas e ombros, pois seu modo de vida é pura tensão. Essa rigidez pode também se refletir nos órgãos internos, comprimindo veias e elevando a pressão sanguínea. Geralmente é uma pessoa "dura" em todos os sentidos, o famoso cabeça-dura, pois não permite nenhuma mudança.
Quem pode exigir igualdade de pensamento e ação de outro ser humano? Muitos pais tornam-se rígidos quando exigem o mesmo comportamento que era esperado de um adolescente há 20, 40 anos atrás. Não há atualização de informação e crenças. O controle pela exigência, o controle pela culpa, não seria uma maneira de subestimar a capacidade que o outro tem de agir, sentir e pensar? Não seria dificultar o outro em descobrir sua real essência em ser ele mesmo? Educar alguém em padrões rígidos de comportamento não seria uma maneira de destruir seu próprio modo de ser?
Tudo que fazemos pode mudar de acordo com as situações e se torna muito desgastante obrigar ou se obrigar a manter um mesmo padrão de pensamento, pois o ser humano em sua essência é estimulado para a evolução e o crescimento. E onde há rigidez não há troca e nem crescimento, pois impera a estagnação em todos os sentidos e níveis. Padrões de pensamentos rígidos são altamente limitadores, pois refletem pessoas que não estão prontas para mudar. É só observarmos um relacionamento. Quem sabe é só observar o próprio relacionamento que você tem mantido por anos. Há crescimento de ambos? Há troca de informação, carinho, interesses, experiências? Ou é tudo sempre igual? Quantas pessoas não vivem a "Síndrome de Gabriela"? "Eu nasci assim, eu sou mesma assim…"
Rigidez na vida afetiva
A rigidez pode trazer muitas consequências nas relações, principalmente nas afetivas. Ser rígido com o outro demonstra apenas a própria rigidez com que a pessoa se trata e, muitas vezes, como foi tratada em sua vida, mas que ela mesma ignora. Claro que mudar um plano requer a comunicação ao outro, o que muitas pessoas ignoram, mudam tudo e sequer comunicam, gerando desencontros e a nítida sensação de falta de respeito e consideração.
Os excessos em geral demonstram muitas vezes uma compensação, ou seja, uma defesa psicológica para dissimular tendências inconscientes que são consideradas reprováveis pela própria pessoa. Atitudes exageradas podem significar o contrário do que é declarado, porém desconhecida para a própria pessoa. Pare por um segundo e pense se você é rígido em algum comportamento. Será que não está compensando algum desejo inconsciente? Atrás de todo excesso ou rigidez se encontra a não aceitação da naturalidade da vida.
Ser flexível não quer dizer ser inconstante, vulnerável, volúvel, mas ser acessível à compreensão das coisas e pessoas, começando por si mesmo. O mundo e as pessoas estão em constante processo de evolução e crescimento. Ser rígido é estar parado no tempo e no espaço com conceitos e crenças imobilizadoras. Ser mais flexível é fator básico para o crescimento interior, mental e espiritual. É desenvolver um entendimento maior da fragilidade humana, é desenvolver a sensibilidade e a empatia.
Isso acontece quando nos tornamos mais realistas, menos exigentes e críticos. Praticar a aceitação é um exercício diário e necessário para quem se considera rígido não somente com os outros, mas principalmente consigo mesmo. Desenvolver a sensibilidade, a meiguice, a doçura, ser mais compreensivo, leve, poderá ajudá-lo a dissolver essa couraça de defesa que foi criada por sua mente em algum momento de sua vida e que agora nada faz além de afastar as pessoas de você.