Qualidade de vida até o fim!
Fugimos do tema? É assunto sobre o qual não se quer falar, às vezes, nem pensar. Mas o que é ser velho? Quando e como vem a morte e o que acontecerá depois? Parece que tudo isto só acontece com os outros, como as doenças, os acidentes e as drogas. Com a gente não, somos diferentes.
Se a única certeza na vida é que vamos morrer um dia. Se quem não morrer antes, certamente, envelhecerá. Por que a fuga, o medo a pseudoignorância?
Creio que isto é um mecanismo de defesa do instinto de conservação, é assunto que não interessa, não é bom nem de pensar sobre ele.
Mas o tempo passa, inexorável e rapidamente. Vez por outra, levamos um susto, com algo que nos faz acordar. O tempo passou, estamos envelhecendo, a cada dia, a cada instante.
Dizem os especialistas que o tratamento geriátrico deveria começar bem cedo, por volta dos vinte anos de idade. Para retardar os efeitos do tempo sobre o corpo e não para corrigi-los. Julgo, que esta é a fase também de preparar-se, para a velhice, em outros setores, como o emocional, o relacionamento afetivo, o profissional, o religioso, o geográfico (onde ficar) e o financeiro.
O ideal, como disse a jornalista e escritora Lea Aarão é que fôssemos sempre jovens, saudáveis, bonitos, ricos e famosos. Mas, isto não acontece, nem mesmo com aqueles que foram, na juventude, premiados com estas benesses. Tudo se acaba. É preciso se preparar, desde cedo, no mínimo, psicologicamente. Não com derrotismo, pessimismo ou desânimo; ao contrário, com vontade forte, pensamento positivo e realista, atividade, trabalho, fé e esperança. Este é um segredo.
Cuidar também da saúde física e mental: atividade física, alimentação racional, revisão médica periódica, são de grande importância.
Mesmo assim o tempo vai passando. As coisas acontecem. A vida muda, independente da nossa vontade ou planejamento. Temos que aceitar e nos adaptarmos. Rever metas e objetivos. Cuidar de estragos. Fazer novos planos. Esta é outra dica. Enquanto isto, viver, comemorar a vida.
Se não tivermos saúde, nem dinheiro, na velhice, temos que conviver com isto. Não há alternativa. Só quem poderá nos socorrer é Deus, o Estado, a família, os amigos, a caridade.
Se perdermos a saúde, mas tivermos algum dinheiro, poderemos ter um plano de saúde, pagar alguém para cuidar de nós ou procurar uma clínica geriátrica de nível.
Se tivermos saúde compatível e dinheiro, até o fim (Bendito seja Deus), vamos aproveitar a vantagem da idade avançada – a experiência. Viver bem, passear, trabalhar, sem excesso, sem muito horário, ajudar ao próximo, manter a auto-estima elevada. Valorizar, cada vez mais, as coisas simples: a natureza, o milagre da vida, o mar, o sol, a lua, as estrelas em equilíbrio, as flores, os pássaros, o vento, os animais e principalmente, o amor.
Em quaisquer das hipóteses, pedir a Deus e fazer tudo que estiver ao nosso alcance para manter a cabeça boa, no lugar. Manter a curiosidade, a vontade de aprender, de saber, de ser bem informado, de ensinar, de planejar, de mudar, de fazer acontecer. A alegria de estar aqui, agora, de estar vivo.
Depoimento de um idoso, pela lei e pelo preconceito, mas jovem pela saúde e pelas idéias, a propósito da entrevista concedida ao Vya Estelar, pela jornalista e escritora Lea Maria Aarão Reis. – Antonio Medina, 79 anos.