Desintoxicação digital: necessidade ou modismo?

A desintoxicação digital, o ato de se afastar temporariamente das telas e dispositivos eletrônicos, tem se tornado um tema de destaque nos debates sobre saúde mental

Enquanto alguns consideram essa prática uma necessidade para o bem-estar, outros a veem como mais um modismo. Com o aumento do tempo gasto online, especialmente nas redes sociais, as preocupações com o impacto psicológico desse comportamento também cresceram. Estudos apontam que o uso excessivo de plataformas digitais pode estar ligado a níveis mais altos de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental, sugerindo que uma pausa periódica poderia trazer benefícios significativos.

Desintoxicação digital: benefícios   

Entre os principais benefícios da desintoxicação digital, destaca-se a redução dos níveis de estresse e ansiedade. Ao desconectar-se das redes sociais e das constantes notificações, as pessoas podem experimentar um maior foco, produtividade, e uma reconexão com o presente.

Além disso, a diminuição do tempo em tela pode melhorar a qualidade do sono e as interações pessoais, elementos essenciais para uma boa saúde mental. No entanto, o processo de desligamento não é isento de desafios, especialmente para aqueles que estão profundamente enraizados na cultura digital. O medo de perder informações ou de ficar isolado pode dificultar a adoção dessa prática.

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Para quem deseja reduzir a dependência das redes sociais, existem métodos práticos que podem ser implementados. Estabelecer limites de tempo para o uso de aplicativos, desativar notificações, ou até mesmo definir “zonas livres de tecnologia” em casa são estratégias eficazes. Outra abordagem é substituir o tempo gasto online por atividades offline que promovam o bem-estar, como exercícios físicos, leitura ou hobbies. Essas práticas podem ajudar a criar um equilíbrio mais saudável entre o mundo digital e o real, permitindo que o indivíduo se beneficie das vantagens da tecnologia sem sacrificar sua saúde mental.

O Dr. Cristiano Nabuco – psicólogo e pesquisador brasileiro especializado em dependência tecnológica e comportamento digital – enfatiza a necessidade de estabelecer limites saudáveis no uso da tecnologia, especialmente considerando os impactos negativos que o uso excessivo pode ter na saúde mental. Riscos como um isolamento social, crises de ansiedade e até depressão podem ser observados. Ele defende que, embora a tecnologia seja uma parte indispensável da vida moderna, é crucial encontrar um equilíbrio para evitar seus efeitos nocivos.

Segundo Nabuco, e eu também observo isso na minha prática clínica, a desintoxicação digital deve ser vista como uma medida preventiva e uma oportunidade para refletir sobre o uso consciente das tecnologias, em vez de um modismo passageiro. Desintoxicar-se do digital não é apenas desligar dispositivos, mas reconectar-se com a vida real e redescobrir o equilíbrio perdido.

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online