A glicina é um aminoácido notável, mas pouco conhecido; saiba para que ela serve
A glicina talvez seja o aminoácido não essencial mais importante em humanos e muitos mamíferos. A glicina é sintetizada a partir de colina, serina, hidroxiprolina e treonina, através do metabolismo entre órgãos, no qual rins e fígado são os principais envolvidos. Ela apoia a saúde do coração, cérebro, intestino e fígado, melhora o sono, baixa o risco de diabetes, reduz a perda muscular. Cientistas estudam o seu papel no envelhecimento saudável (ação geroprotetora).
Glicina: um aminoácido construtor
A glicina é um aminoácido que ajuda a construir proteínas, outros aminoácidos e antioxidantes. Ela atua como um precursor de vários metabólitos importantes de baixo peso molecular, como creatina, glutationa, colágeno, radical heme, purinas e porfirinas. Também pode se ligar a receptores e transportadores específicos, que atuam em muitos tipos de células em todo o organismo para exercer seus efeitos.
Saúde geral e saúde mental
A glicina é muito eficaz na melhoria da saúde geral e apoia o crescimento e o bem-estar. Há pesquisas contundentes que mostram o papel da glicina suplementar na prevenção de muitas doenças e distúrbios, incluindo o câncer. A suplementação dietética da dose adequada de glicina é útil no tratamento de distúrbios metabólicos e inflamatórios em pacientes com doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. A glicina também tem a propriedade de melhorar a qualidade do sono e as funções neurológicas, contribuindo para a saúde mental.
Anti-inflamação
Muitos estudos desvendaram os efeitos anti-inflamatórios da glicina, incluindo sua capacidade de diminuir citocinas pró-inflamatórias e a concentração de ácidos graxos livres, melhora da resposta à insulina e mediação de outras alterações patogênicas. A glicina exerce seus efeitos anti-inflamatórios por meio da modulação da expressão do fator nuclear kappa B (NF-κB) nas células.
Fontes de glicina
O corpo produz glicina naturalmente a partir de outros aminoácidos, ela é encontrada em alimentos ricos em proteínas e está disponível como suplemento dietético. Geralmente, em condições comuns de alimentação, a glicina não é suficientemente sintetizada em humanos. Embora seja um aminoácido não essencial, a suplementação dietética de glicina é importante para se evitar o desenvolvimento de carências e inflamação crônica, principalmente em idosos. A dose ideal pode variar muito (de 500 mg a 3 g por dia), dependendo do objetivo e condição de saúde. Glicina tem um sabor adocicado bem agradável.
Benefícios da glicina
•Glicina é necessária para produzir glutationa – ela é um dos três aminoácidos (cisteína, glicina, ácido glutâmico) que compõem este poderoso antioxidante, que protege as células contra danos oxidativos causados por radicais livres.
•A creatina, formada a partir de glicina, arginina e metionina, aumenta a massa muscular e fornece aos músculos força e energia para realizar atividades físicas, além de atuar na saúde óssea, função cerebral e condições neurológicas.
•Colágeno é uma proteína estrutural que contém grandes quantidades de glicina e fortalece músculos, pele, cartilagens, ossos e ligamentos.
•Glicina melhora a qualidade do sono através de seus efeitos calmantes no cérebro e sua capacidade de diminuir a temperatura corporal central.
•Ela pode proteger o fígado de danos induzidos pelo álcool, atuando na inflamação local.
•Ajuda na saúde do coração, melhorando a capacidade do corpo de usar óxido nítrico, uma molécula crucial que aumenta o fluxo sanguíneo e reduz a pressão arterial.
•Reduz a resistência à insulina e pode ser útil no diabetes tipo 2.
•A glicina pode reduzir a perda patológica de massa muscular, uma condição que ocorre com o envelhecimento, desnutrição e quando o corpo está sob intenso estresse, como câncer ou queimaduras graves.
Referências:
*Geroscience 2024. The effect of glycine administration on the characteristics of physiological systems in human adults: A systematic review.
*Int J Molecular Science 2023. Glycine: The Smallest Anti-Inflammatory Micronutrient.
*American J Clinical Nutrition 2024. Reduced plasma glycine concentration in healthy & chronically diseased older adults: a marker of visceral adiposity?
*Frontiers in Nutrition 2024. Association between dietary glycine intake & the prevalence of hypertension, hyperlipidemia, overweight or obesity in rural northern China: a cross-sectional study.
*Curr Opin Clinical Nutrition & Metabolic Care 2023. Alterations in glycine metabolism in obesity & chronic metabolic diseases – an update on new advances. *Ageing Research Reviews 2023. Glycine and aging: evidence & mechanisms.