Desafio do adolescente autista no ambiente familiar

Conviver com o autismo em uma família, especialmente quando se trata de um adolescente autista, exige adaptações e um ambiente mais acolhedor

Uma família funcional se caracteriza por comunicação clara, apoio emocional e rotinas consistentes, aspectos essenciais para proporcionar segurança, mais estabilidade e bem-estar. No caso dos adolescentes autistas, essa estrutura é ainda mais importante, pois essa fase da vida traz mudanças, instabilidades e desafios naturais do desenvolvimento, que podem ser mais intensos para eles. Estabelecer rotinas previsíveis e adaptar o ambiente físico ajudam a reduzir a ansiedade e criam uma base para que o adolescente se sinta mais seguro e compreendido.

A comunicação é um pilar fundamental nesse processo e que precisa sempre estar sendo ajustada e revisitada para possíveis adaptações. Muitas vezes, os adolescentes autistas podem ter dificuldades na expressão verbal ou na interpretação de interações sociais, tornando essencial o uso de formas adaptadas de comunicação e o empenho por parte da família em estudar sobre o assunto e suas variações.

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Interação da família com o adolescente autista: dicas   

A família deve buscar formas de entender e respeitar a maneira como o adolescente se comunica, criando um ambiente de diálogo, compreensão e acolhimento. Evitando muita repreensão e aumentando o acolhimento e a validação. Além disso, é crucial que todos os membros da família, não apenas o adolescente autista, sintam-se ouvidos e apoiados, fortalecendo o vínculo familiar e garantindo a saúde emocional de todos.

Durante a adolescência, é comum que autistas enfrentem desafios adicionais, como mudanças hormonais e a busca por independência e autonomia, o que pode aumentar a necessidade de suporte emocional e adaptação nas rotinas familiares. Os pais e cuidadores devem estar atentos e oferecer um espaço seguro para que o adolescente se expresse, buscando também envolvê-lo em atividades que promovam essa necessidade de autonomia e as habilidades sociais.

Ao mesmo tempo, é importante que os cuidadores saibam equilibrar a liberdade e a autonomia com a supervisão e o apoio necessários, considerando as necessidades individuais de cada adolescente. Por fim, os pais e cuidadores também precisam de apoio e autocuidado para manter a funcionalidade familiar. Participar de grupos de apoio e buscar recursos externos, como terapia familiar ou atividades de socialização para o adolescente, é fundamental para lidar com os desafios dessa fase.

Uma família funcional é aquela que, mesmo diante das dificuldades, oferece um ambiente de crescimento e bem-estar para todos, transformando os desafios do autismo em oportunidades de união, aprendizado e desenvolvimento saudável. Que possamos cada vez mais ensinar aos nossos adolescentes que podemos transformar “um limão em limonada.”

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online