Como aprender a se perdoar

Aprender a se perdoar é um processo de cura que envolve profunda autorregulação emocional. É autocuidado e amor-próprio.

Muitas pessoas carregam uma culpa silenciosa por anos. Pelos erros que cometeram, pelas escolhas que fariam diferente, pelas palavras que feriram ou pelas vezes em que se calaram. Mas a neurociência é clara: o perdão a si mesmo não é autopermissividade. É uma forma profunda de autorregulação emocional e de saúde mental. É autocuidado e amor- próprio. 

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Estudos da psicologia positiva e da neurociência mostram que o autoperdão está diretamente ligado à redução da ansiedade, da depressão e do estresse tóxico. Quando uma pessoa aprende a perdoar a si mesma, ela reduz a atividade da amígdala (região do cérebro ligada ao medo e à ameaça) e fortalece o córtex pré-frontal, responsável pelo julgamento ético, pela empatia e pela tomada de decisão consciente.

Relação entre autoperdão, autossabotagem e busca por perfeição

Na Terapia do Esquema, de Jeffrey Young, aprendemos que muitos dos nossos comportamentos autossabotadores têm raízes em esquemas disfuncionais precoces. Pessoas com o esquema de Padrões Inflexíveis, por exemplo, tendem a se cobrar excessivamente e a sentir culpa crônica por não serem “perfeitas”, ou ideais como gostariam. Já o esquema de Autopunição leva o indivíduo a acreditar que merece sofrer eternamente por seus erros, ou que muito do que passa na vida pode ser castigo. 

Esses esquemas são aprendidos na infância, muitas vezes em ambientes críticos, exigentes ou punitivos. E sem consciência disso, seguimos nos punindo, mesmo depois de já termos aprendido com os erros. Vamos perpetuando a punição. 

Perdoar-se é uma forma de acolher a criança vulnerável dentro de nós, e ativar o nosso adulto saudável, aquele que sabe reconhecer o erro, reparar quando necessário, mas seguir em frente com compaixão e maturidade.

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Autoperdão não é esquecer, nem justificar. É entender, integrar e escolher não se ferir mais com o passado que já não pode ser mudado. Podemos mudar a forma que sentimos o presente e os padrões futuros. 

A verdadeira mudança começa quando paramos de nos tratar como nossos próprios carrascos… e começamos a ser os cuidadores internos que nunca tivemos.

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online

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