por Renato Miranda
O sentimento ou percepção, na execução da tarefa, que reflete autocontrole, alegria, motivação, envolvimento com alta concentração e outros fenômenos positivos são consagrados no fenômeno do FLOW (fluir).
Nas competições que envolvem jovens, principalmente por volta dos doze anos, configuram-se momentos em que a identificação das possibilidades do fluir é facilmente exposta principalmente em função dos comportamentos desses jovens que complementam suas vidas com treinamentos e competições esportivas.
Isso se dá prioritariamente por que o esporte é uma atividade pública e por isso o comportamento de quem o pratica é sumariamente avaliado. Em consequência é fácil observar aqueles desportistas iniciantes que usufruem momentos de alegria e autoconfiança da mesma forma aqueles que enfrentam ansiedade excessiva e insegurança de comportamento.
Surge então a questão: Como proporcionar aos jovens iniciantes das mais variadas modalidades esportivas a maior possibilidade de vivenciar nas competições momentos positivos?
Resposta: Prepará-los para fluir. Como? Ensinando a controlar a consciência do foco da ação. E qual seria a prática dessa resposta? Ensinar os jovens a executar os fundamentos do jogo (técnicas e táticas básicas) em melhor nível possível e nas diversas situações da competição.
Lançar os jovens diretamente às competições sem prepará-los tecnicamente o suficiente, para que os mesmos executem o essencial da tarefa (a competição – o jogo!), representado pelos fundamentos técnicos e táticos básicos, é facilitar um ambiente hostil e propício para tensões, preocupações e constrangimentos.
Em resumo, para se expor em público, é fundamental saber o que fazer, mesmo que notoriamente nas competições para iniciantes se exige o mínimo em termos técnicos e táticos. Portanto, é preciso treinar com qualidade e compatibilizar as demandas da competição com as habilidades do praticante.
Mesmo considerando que em qualquer meio de aprendizagem (disciplinas escolares, música, idioma e outros) cada pessoa tem seu ritmo de aprendizado e desenvolvimento, muito embora haja padrões de tempo de aprendizado e solidificação.
É primordial, portanto, que professores e/ou treinadores propiciem um ambiente de treinamento de alta qualidade para que os jovens quando instados a competirem saibam executar o mínimo exigido com eficiência e segurança (controle do foco de ação). É o que poderíamos dizer a respeito de uma dimensão fundamental para a vivência do fluir: controle absoluto das ações.
Esse controle absoluto não que dizer apenas o controle de tudo em alto nível, mas também é sobre o controle absoluto daquilo que é elementar, fundamental.
Um exemplo peculiar: um garoto (a) por volta dos doze anos que inicie sua participação em competições de vôlei, evidentemente, não dominará o jogo em alto nível, mas é possivelmente aceitável e desejável, saber executar bem (em nível de iniciante); o toque, a manchete, o saque, o ataque e outros fundamentos básicos para se jogar voleibol.
Nada mais constrangedor para um atleta iniciante de vôlei do que errar o saque toda vez que o mesmo tiver que sacar. Por outro lado, é muito recompensador para o atleta iniciante (e todos envolvidos na aprendizagem) acertar todos, ou quase todos, os saques quando o mesmo está nessa situação de jogo.
Observe que é possível fluir no início de uma aprendizagem como no alto desempenho. O que difere é a complexidade é o nível de consciência da tarefa e sua execução.
A regra geral então é desenvolver habilidades, para que toda vez, diante de uma tarefa, o atleta perceba a possibilidade de controle e então, um sentimento de poder, confiança e calma surgirá.
Além disso, os pensamentos negativos oriundos do medo do fracasso serão dissipados porque o jovem confiará em suas habilidades. Mas isso é um caminho a ser construído através de muito treinamento de qualidade, dedicação e disciplina para o aprendizado constante.