por Lilian Graziano
Muitas vezes, o que atrapalha e emperra nossa vida não é um problema externo. É somente uma crença limitante que temos acerca de nós mesmos, portanto uma questão interna.
Essa crença é quase sempre um pensamento distorcido e negativo sobre características nossas, que, na verdade, podem ser recursos muito úteis e positivos e não necessariamente defeitos capazes de tantos malefícios em uma trajetória existencial. Essas crenças são distorções cognitivas que nos causam respostas emocionais destrutivas.
Nessas distorções, um dos fatores limitantes encontrados é a generalização de características negativas, com o uso do discurso "eu sempre faço errado" ou "eu sempre me dou mal", entre outros similares, que também segue acompanhado de uma memória negativa, pautada somente nas experiências negativas vivenciadas. Tal uso denota dificuldade para avaliar a vida de maneira correta, apontando também os sucessos e identificando as forças pessoais (veja aqui) usadas para obtê-los, os nossos melhores recursos.
Importante lembrar que um desafio vencido não precisa ser necessariamente um grande desafio, uma grande conquista. Pequenos avanços são também sucessos para os quais empregamos nossos recursos e tempo. E ainda vale lembrar, que não existe uma vida só de fracassos, sendo necessário, somente, desligar o foco negativo sobre nossas realizações para enxergar as conquistas.
Outra coisa muito comum é internalizarmos um rótulo: "fracassado", "incapaz", "lento", entre outros ainda mais desagradáveis e pejorativos. Não seria melhor se, ao invés de assimilarmos tais características, procurássemos em nós as qualidades que podem suplantar tais defeitos?
Um estudo feito com professores revelou que, ao entregar duas classes a grupos de docentes, surtiu efeito muito positivo dizer que a classe com pior desempenho era uma turma boa de se trabalhar. Os resultados foram surpreendentes e inéditos com aquela turma. A performance realmente foi incrementada, pois os professores não internalizaram ou reproduziram em atitudes as limitações que até então se acreditava existir nos alunos. Não é um exemplo inspirador?
Não podemos, ainda, adotar em nossa vida o pensamento "tudo ou nada", do tipo "sou bom ou sou mau", porque, no dia a dia, vamos sempre estar sujeitos a erros e acertos. E errar não quer dizer que somos um fracasso, pois sempre haverá o acerto, do qual devemos sempre nos lembrar e o qual sempre devemos utilizar como inspiração para outros acertos, verificando de que forma os nossos recursos pessoais empregados naquela ação podem ser utilizados, para repetir os mesmos resultados positivos. Assim, tal pensamento "tudo ou nada é extremamente danoso e deve ser evitado/ corrigido.
Por fim, quando se trata de lidar com as crenças limitantes, trata-se também de aprender a valorizar as experiências positivas dando a elas a devida relevância. Tendemos a valorizar os eventos ruins e evitar essa tendência pode ser talvez a chave para empreender qualquer outro esforço em evitar as tais crenças e a visão distorcida que acabamos tendo de nós mesmos.
Valorize cada pequeno passo, identifique o que de melhor você ofereceu para dá-lo. Não negue suas fraquezas, mas valorize suas competências e mantenha-se no caminho do desenvolvimento. Essa é a lição primeira da Psicologia Positiva.