por Flávio Gikovate
“Por volta dos sete ou oitos anos de idade, já experimentamos a grande sensação de prazer e vício provocados pela vaidade”
O psiquiatra Flávio Gikovate afirma que a vaidade está presente em toda ação humana e em todas as fases da vida. E essa já se torna um vício adquirido lá na infância.
Vaidade: grande sensação de prazer
Por volta dos sete ou oitos anos de idade, já experimentamos a grande sensação de prazer e vício provocados pela vaidade. “Esse prazer é de natureza efêmera e se estende a tudo o que nos pertence e assim precisamos de novas coisas para que essa sensação se repita”, explica.
Quando uma criança ganha uma correntinha de ouro com a imagem de um santo, a sensação que ela tem ao colocar o objeto sobre o seu corpo, é de natureza erótica. Ela se sente diferente… excitada: uma sensação de nervosismo percebida como agradável. Ela se sente por alguns minutos especial, única. Não sossega enquanto não mostrar sua nova propriedade – ou nova sensação? – a todos. Se sente gratificada e reforçada na sensação de extravagância, a cada olhar de admiração e em cada expressão de elogio. Isso é vaidade.
A sensação erótica se expressa mesmo quando se pendura no pescoço a imagem do santo mais austero; não deixa de ser curiosa a aparente contradição. Mas o que desperta a excitação é a coisa nova; é o possuir uma joia. Depois de um tempo, a criança se acostuma com o colar e não sente mais nada de especial.”
Este pequeno prólogo é apenas para mostrar como um ato aparentemente banal traz em si uma grande carga (vibração!) de vaidade: vício que fomenta boa parte das ações do ser humano ao longo da história.
Vaidade e cotidiano
Podemos não perceber, mas a vaidade está presente em diversos momentos. Como por exemplo:
– no relacionamento amoroso;
– no sexo;
– no trabalho;
– na inveja;
– na razão;
– na moral;
– na puberdade e por aí afora…
Nesta coluna o psiquiatra Flávio Gikovate vai pincelar os principais matizes dessa infinita paleta de cores que a vaidade pode desenhar em nossas ações no dia a dia.