por Ceres Araujo
Há trinta anos mais ou menos, surgiram os primeiros videogames, que logo conquistaram o interesse dos adolescentes e logo depois das crianças. Essas crianças e adolescentes tinham pais que não conheciam os jogos, sendo que a maioria deles, quando se dispunha a aprender a jogar, não conseguia a habilidade demonstrada por seus filhos. Os pais, na época se preocupavam com a adesão e mesmo com a fixação de seus filhos nos videogames.
Preconceitos de ordens diferentes cercavam os videogames: violência exagerada no conteúdo dos jogos, prejuízos para a visão dos jogadores, o longo tempo passado frente ao monitor, o isolamento, a compulsão do jogar, o sedentarismo, etc.
Os videogames vieram para ficar. Os videogames em geral e os jogos correlatos no computador são os jogos característicos desse início de século. Tecnicamente muito mais avançados, bem mais interativos que seus antecessores, os jogos contemporâneos exercem uma atração irresistível, principalmente para os jovens.
Diferentemente do que ocorria antes, os jogadores atuais têm pais que jogaram e que sabem jogar videogames e que, com frequência, jogam junto de seus filhos. O videogame pode se tornar uma atividade da família.
Os preconceitos que cercavam os videogames diminuíram. As vantagens se tornaram evidentes. As funções neuropsicomotoras são desenvolvidas pela experiência e os jogos sempre forneceram os estímulos nesse sentido. Os videogames favorecem um treino importante para processamento da informação visual e auditiva, que ganha em qualidade e em velocidade. As coordenações visuomotora e audiomotora se aprimoram. São treinadas também as capacidades de atenção e concentração.
De mais sedentários, os jogos se transformaram em altamente dinâmicos. Exigem não apenas a coordenação visuomanual, mas a coordenação do corpo inteiro. Exercitam a postura, o equilíbrio e o deslocamento corporal.
O isolamento, que antigamente caracteriza a atividade de jogar, diminuiu sensivelmente. Pode-se disputar com pessoas do outro lado do planeta, em tempo real ou não. Graças à possibilidade das conexões sem fio, crianças ensinam para os amigos, cada um com seu aparelho, como passar as fases.
Jogos agressivos
Continuam existindo jogos agressivos, violentos e mesmo altamente violentos. Cumpre observar que as crianças não devem ser poupadas completamente do confronto com a agressividade. Os jogos podem trazer a oportunidade de ensiná-las a lidar com a própria agressividade. Destruir e reconstruir são opostos que fazem parte da vida. Porém, cabe aos pais determinar quais jogos são adequados a seus filhos e inclusive obter informações a respeito de quais são os jogos apropriados às diferentes idades.
Aprender a lidar com frustração, a lutar para conseguir acertos, a perseverar para superar fases, aprender a não desistir são ganhos embutidos nos jogos. Diferentes dos adultos “bonzinhos” que deixam as crianças ganharem, os videogames são implacáveis nesse sentido. Ganha quem demonstrou competência. Fraudar é impossível.
Alguns dos jogos mais modernos já determinam o tempo máximo a ser passado na atividade, o que vem ao encontro da necessidade de se prevenir a fixação e ou compulsão do jogar. Porém, cabe também aos pais determinar o número de horas que sua criança pode ficar junto a seu videogame e conversar com seu filho adolescente sobre os perigos do exagero do jogar, para que ele aproveite todos os ganhos que essa atividade pode lhe trazer, sem incorrer nos riscos da compulsão.