A distância entre a “torre de marfim” e o conhecimento aplicado

por Lilian Graziano   

Ainda me lembro como no início do movimento da Psicologia Positiva (PP) as publicações na área eram vistas como mera autoajuda. Afinal, felicidade, bem-estar e emoções em geral eram (e ainda são) abordadas com frequência por autores do gênero, e qualquer coisa nesse campo e com linguagem fácil cai no mesmo "balaio" nas prateleiras das livrarias.

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No entanto, é preciso lembrar que, ao menos no Brasil, nessas mesmas prateleiras se encontram títulos de renomados cientistas, que se dedicam a estudar esses temas e publicam livros para o público leigo com intuito de fazer divulgação universal de suas pesquisas, expandindo o alcance dos papers acadêmicos.

Martin Seligman (o pai da PP), Daniel Goleman, Barbara Friedrickson (também estudiosa da PP) e outros papas da Psicologia acabam, então, ao lado de autores com títulos pouco substanciosos de comprovações científicas. Isso apenas porque são capazes de encurtar, para os leitores menos acostumados à linguagem acadêmica, o caminho entre a Ciência e a vida cotidiana, por meio de um texto fluido, cheio de exemplos práticos e próximos do nosso dia a dia, mas não sem o devido embasamento.

Assim é o trabalho de Tal Ben-Shahar, um Israelense que segue sua vida dando palestras e treinamentos em Psicologia Positiva pelo mundo e que, por anos, deu aula de Psicologia Positiva em Harvard. Seu curso se tornou o mais procurado por alunos de todas as carreiras no campus, justamente por que o professor encurtou a distância entre o que ele chama de "torre de marfim" do academicismo e o conhecimento aplicado.

Em suas aulas, a abordagem transdisciplinar dos temas do comportamento humano que a Psicologia Positiva permite, foi um dos fatores de encurtamento dessa distância. Outra questão de interesse do público-alvo do curso de Ben-Shahar são os próprios temas abordados em PP: bem-estar, performance, criatividade, perdão, gratidão, dentre outros que se conectam diretamente com o cotidiano das pessoas, que logo veem aplicação do conhecimento que recebem em suas próprias vidas.

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Para o professor, a Psicologia Positiva combina "a diversão da autoajuda" ao "rigor científico", o que a torna popular. Se isso é via para oportunistas, não importa: o interessante é fazer chegar às pessoas o que é necessário para mudar paradigmas, sair de uma psicologia meramente curativa para outra que de fato desenvolve pessoas, colocar seres humanos em completa anomia no eixo de uma vida com mais sentido e bem-estar, a partir de uma abordagem que envolve não só psicólogos, mas coaches, educadores e gestores de empresas, por meio de conhecimento aplicado e acessível.

A popularidade da Psicologia Positiva não a torna menos importante ou crível, o movimento só cresce e se ramifica, a partir de pesquisa séria sobre a excelência humana.

(Para saber mais sobre Ben-Shahar e a abordagem popular da Psicologia Positiva, acesse segunda edição da revista Make it Positive, do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento – IPPC. www.makeitpositivemag.com)

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