por Marta Relvas
A inteligência humana ainda é considerada um mistério, porque ela não pode ser observada diretamente no registro paleontológico, como um osso, ou dentes, por exemplo. A evidência reunida por cientistas sobre a inteligência vem indiretamente a partir da observação do aumento do tamanho da capacidade craniana, de artefatos produzidos como resultado da inteligência humana, tais como a fabricação de ferramentas, a caça cooperativa e a guerra, o uso do fogo e o cozimento de alimentos, a arte, o enterramento dos mortos e poucas outras coisas mais.
Por que a inteligência desenvolveu-se em primatas e não em outros gêneros animais?
Provavelmente pela inerente instabilidade de ambientes territoriais, quando comparados com os ambientes aquáticos, e quase certamente devido às séries de mudanças dramáticas no clima africano em certos pontos da história geológica. Portanto, os fenômenos probabilísticos podem ser muito bem explicados, porque estamos agora na posição de sermos os mais inteligentes de todos os animais da Terra.
Esse passo evolucionário foi espetacular porque deu origem ao círculo cada vez mais rápido de feedback positivo entre a evolução cultural (trazida pela linguagem) e o desenvolvimento posterior do cérebro ao aumentar enormemente o sucesso reproduzido e às chances de sobrevivência do organismo assim armados com um cérebro capaz de alta flexibilidade, adaptabilidade e capacidade de aprendizagem.
Em um período de um a dois milhões de anos (praticamente um piscar de olhos em termos de tempo geológico), este poderoso impulso de evolução neural levou ao que somos hoje e ao que o homem será nos próximos 100 mil anos.
Há hipóteses atualmente sobre a existência de uma "massa crítica" de neurônios como um pré-requisito para a "explosão" evolucionária da inteligência. Em outras palavras, abaixo de um certo número de neurônios (ou tamanho do cérebro), a inteligência é altamente limitada e não leva à invenção, imaginação, comunicação
sociosimbólica e outras coisas que não existem em cérebros não humanos.
Um número grande de fatores evolucionários convergentes determinou um rápido aumento no cérebro e na sua complexidade em hominídeos e levaram à primeira espécie verdadeiramente Homo. A massa crítica foi atingida e após isso, foi apenas uma questão de evolução quantitativa, desenvolvendo-se:
– O mundo interno: cognição;
– O mundo externo: percepção e ação;
– A integração dos ambientes internos e externos através da experiência.
Conclusão: o intelecto humano, a memória, a afetividade, o aprendizado, os sentimentos, as intuições, motivações religiosas, o estado de espírito e o mundo das emoções podem estar associados a eventos neurológicos observáveis, como parte de funções cerebrais normais no desenvolvimento da inteligência humana.