por Tatiana Ades
Interessantes alguns casos que chegam ao consultório, principalmente quando podemos observar que a atitude das pessoas frente ao amor está cada vez mais desnorteada.
Rosana (nome fictício) me procurou quando tinha apenas 16 anos.
Decidida a descobrir como resgatar o amor-próprio, contou-me durante as sessões o quanto se sabotava em relação a si mesma e o quanto isso trazia consequências negativas para ela e os outros.
Confessou ser obcecada por “roubar amores”, sentia-se extasiada quando seduzia algum homem comprometido e criava o desafio de fazê-lo terminar o relacionamento com sua parceira.
Algumas vezes conseguiu, mas logo em seguida, separava-se dele. Ela queria a sensação de controle, poder, disputa feminina com mulheres que nem conhecia. Estava viciada num jogo de conquistas e separações.
Assim como Rosana, muitas meninas, hoje em dia, estão roubando amores e não livros – alusão ao filme “A Menina que Roubava Livros”, Direção: Brian Percival (EUA/Alemanha/2014). Isso se caracteriza por uma histeria coletiva que atinge meninas muito jovens, uma sociedade que incita o sexo como poder e a sedução como arma para conseguir o que quer.
Gostaria de ver essas “Rosanas” roubando livros, aproveitando a fase de suas vidas de forma mais segura e inocente, pois não adianta falarmos em mudanças socioculturais. Existem fases de vida que devem ser respeitadas. Um exemplo é essa fase da adolescência onde antigamente a paquera predominava… havia romance e fantasia. É muito importante que os adolescentes passem pela paquera, o primeiro beijo, o sonhar acordado… Hoje em dia eles estão pulando essa fase tão essencial e saudável.
A minha paciente Rosana, percebeu que sua autoestima estava baixíssima e a sedução se tornou algo para preencher o vazio que sentia, viciou-se em jogos e machucou pessoas, principalmente a si mesma.
Hoje ela paquera, mas não por vicio, sabe filtrar e escolher, sabe ser menina e ser mulher.
Ah, a Rosana tem lido muitos livros também!