por Patrícia Gebrim
Tenho percebido um movimento interessante ultimamente: espiritualidade virou moda.
Cada vez mais as pessoas falam sobre chacras, energia, meditação. Os gurus estão se tornando as novas celebridades, mais e mais pessoas estão cultivando ervas em seus jardins e treinando invertidas para acompanhar melhor as aulas de yoga.
A meu ver, como tudo nesse mundo dual, reconheço nessa tendência um lado lindo, o início de um despertar pelo qual temos esperado há muito. Mas vejo também aqueles que, desprovidos de moral, pegam carona nessa onda com o intuito de se aproveitar dos menos atentos. Oferecem caminhos curtos e técnicas milagrosas.
Há que se saber que, por mais atrativas sejam as promessas de técnicas e atalhos nesse caminho espiritual, o mesmo é individual e uma conquista de cada um de nós que exige comprometimento, profundidade, persistência. Não é possível comprar entrada para o mundo divino, como fazemos para um espetáculo qualquer.
Se você quer encontrar a paz, mas sente preguiça de fazer o necessário para crescer, pode esquecer. Embora potencialmente disponível, a paz ainda não é para todos. É para aqueles que de fato mergulhem em si mesmos.
Sabe aquela sensação deliciosa de chegar ao topo de uma montanha após uma árdua caminhada? Quando a gente respira fundo e sente a montanha nos abraçando? Quando nos sentimos parte das nuvens, das águias que voam lá no alto, de Deus?
Pois é… É preciso subir a montanha para sentir isso. É preciso escorregar na trilha, esfolar os joelhos, sentir o coração sair pela boca. É preciso suar, vencer o medo, persistir. Cair e levantar, quantas vezes forem necessárias. Ou você acha que sentiria o mesmo se chegasse lá confortavelmente levado pela cadeirinha do teleférico?
Tem gente querendo chegar à paz sem ter que fazer nada nessa direção.
Não é assim que funciona!
Duvide quando alguém lhe oferecer atalhos, tickets para a paz. Que eu saiba, não existe teleférico que leve ninguém ao mundo divino. É preciso conquistar e merecer as próprias asas para chegar lá!