por Renato Miranda
Sob pressão o tempo todo! Essa parece ser a máxima para aqueles que diariamente procuram progredir em suas tarefas.
Como esse cenário é trivial à grande maioria das pessoas, adultos e jovens, parece ter no esporte competitivo e, por conseguinte a vida de atleta, um simulacro da própria vida. Treinamento, dedicação, desempenho, competitividade, exigência, desgaste e outros tantos termos peculiares ao esporte, são frequentemente incorporados em nosso dia a dia.
Neste texto vamos abordar em destaque, como as crianças podem se adaptar melhor a essa característica da vida atual. Não é preciso pensar muito para saber que muitas crianças, por volta dos oito anos de idade, já estão mergulhadas, literalmente, em uma rotina bastante exigente: escola em pelo menos um dos turnos do dia, prática de um ou dois esportes por semana (isso significa quatro treinos por semana em média), duas ou mais aulas de idioma estrangeiro no mesmo período, acompanhadas por outra atividade, como música ou outra atividade.
Se essa dita pressão de uma rotina repleta de atividades parece ser a tendência do comportamento atual, então nos resta aprender como prepararmos (crianças e adultos) para uma vida adaptável e saudável.
Primeiramente, é preciso reconhecer que atividades intelectuais, culturais e esportivas, quando permeadas em um ambiente capaz de gerar segurança e alegria para as crianças, são positivas em suas vidas. Regular essas atividades de modo que as características lúdicas de satisfação, funcionalidade (e aqui a infraestrutura e a qualidade profissional são pré-requisitos) e espontaneidade sejam garantidas, é primordial para que possamos usufruir dessa intensa rotina.
Quando pais reclamam que a rotina dos filhos está repleta de atividades, eu costumo sugerir:
Três perguntas essenciais
1ª Essa é a mesma percepção que eles têm?
2ª Eles conseguem ter algum tempo livre para brincarem?
3ª Se eles não estivessem em algumas dessas atividades o que eles estariam fazendo?
Se as crianças, não se sentem demasiadamente cansadas e estão felizes no dia a dia, se conseguem brincar livremente por algum tempo, se não há nada pra fazer na ausência de uma ou outra atividade, então é bem melhor investir na qualidade dessas atividades e ajudar as crianças a se desenvolverem.
O que precisamos fazer é estabelecer regras para que possamos equilibrar as exigências (tarefas) com as habilidades (cognitivas, físicas e emocionais) das crianças. Ou seja, há crianças com grandes habilidades linguísticas, nesse ponto não há problemas em estudar um idioma estrangeiro mais intensamente ou às vezes dois idiomas ao mesmo tempo.
Se ela (a criança) tem uma habilidade padrão, o ensino clássico de dois encontros por semana não é nada de excessivo.
Se a criança tem um ótimo vigor físico e adora esportes, pode perfeitamente praticar dois ou até mesmo três esportes por semana, desde que cada encontro não tenha carga física exagerada (acima de uma hora de exercícios). Se a criança não tem esse referido vigor, talvez uma ou outra atividade esportiva já seja o ideal.
E por fim equacionar as tarefas com as habilidades emocionais. Algumas crianças se sentem bem em serem desafiadas, gostam de provar o quanto são capazes e não se desgastam emocionalmente com a rotina de conviver com algum nível de tensão.
Se a criança não é muito encantada com as mais diferentes emoções advindas do esporte, é fundamental que o esporte tenha uma exigência emocional suave e regule muito bem a quantidade de participações em competições. Muitas crianças gostam de vivenciar o esporte (treinar, por exemplo) e não curtem competir.
Assim sendo, ao equacionar desafio e habilidade, damos um grande passo para que a criança crie um mecanismo tanto físico quanto psíquico que fará com que ela tenha um ótimo dinamismo para manter a operacionalidade das atividades em um alto nível de regulação, seja físico, intelectual e emocional.
Além disso, com o passar do tempo, a criança se tornará mais resistente e repleta de habilidades, fazendo com que sinta sua rotina como algo controlável e que em todo desafio uma positiva percepção de controle invadirá sua mente.
Caso contrário, se não houver essa preocupação com o que está escrito acima e lançarmos as crianças impulsivamente em uma rotina repleta de atividades, as mesmas se sentirão sem controle em quase todas as atividades e terão uma rotina de preocupação, medo e alta ansiedade.
Por fim, administrar essa nova realidade que pode ser tensa (estressante) ou não! É antes de tudo, preparar as crianças para atividades positivas, com bom senso, carinho e ensiná-las a dormir cedo para descansar bastante.
Regra principal: Pergunte: a criança está feliz? Se, sim vá firme!