por Luís César Ebraico
Temos assim duas grandes origens para a ocorrência da Síndrome do Pânico.
A Etiologia (origem) da Síndrome do Pânico
1. A etiologia cibernética, em que um ambiente fechado, por exemplo, é capaz de gerar um ataque (=claustrofobia); e
2. A etiologia tóxica, subdividida em:
a. Exotóxica, que exemplificamos mediante o exemplo da ingestão de cocaína;
b. Endotóxica, que implica a insuficiência de “degustação” psicológica da excitação sexual somática.
Para melhor entendermos a origem endotóxica da síndrome do pânico, consideremos o caso de Pedro.
Digamos que ele esteja noivo e que, juntamente com sua noiva, tenham acordado que só terão relações sexuais completas após se haverem casado. Digamos que, antes disso, se “esfregam”. Digamos que, após algum tempo, ele passe a sofrer de ataques de angústia. Digamos que ele vá a um psiquiatra que lhe receite Frontal (= Alprazolam). Digamos que na bula do Frontal, onde se fala sobre efeitos colaterais, esteja posto “distúrbios da sexualidade”.
Digamos que – o que é fato – não se explicite nessa bula que os “distúrbios da sexualidade” de que se fala resume-se, na verdade, a um bloqueio do desejo sexual. Digamos que ele trabalhe em um banco. Digamos que eu seja cliente desse banco e que, por acaso, quando lhe pergunto como vai, ele me relate seus sintomas. Digamos que eu suspeite de que sua Síndrome do Pânico seja devida à falta de processamento das substâncias químicas que seu organismo produz quando apenas se esfrega, sem completar a relação, em sua namorada. Digamos que eu sugira que ele passe na minha clínica e lhe comunique minhas suspeitas de que seus sintomas sejam devidos a essa “esfregação” sem orgasmo. Digamos que, a partir disso, decidam ele e a namorada que ela passará a tomar anticoncepcionais e eles passarão a completar tais “esfregações”. Digamos que, a partir disso, seus ataques de pânico desapareçam e que ele deixe de (1) VOLTAR ÀS CONSULTAS PSIQUIÁTRICAS e de (2) TOMAR ALPRAZOLAM.
Quem ganhou com isso? O psiquiatra? A indústria farmacêutica? Financeiramente, é certo que não. E eu? Financeiramente, nada. Os sintomas desapareceram e só voltou a ver-me para dizer que eles haviam desaparecido…
Será que, financeiramente, vale a pena, no caso da síndrome de pânico, diagnosticar e tratar bem? Quantos casos haverá passíveis de serem resolvidos de maneira tão chocantemente simples como o de Pedro e que estão sendo deploravelmente “medicalizados”, com a consequência adicional de, caso a medicação seja “eficaz” (leia-se, bloqueie a ocorrência dos ataques de pânico), perderem sua libido (pré-condição para que o Alprazolam consiga bloquear eficazmente a Síndrome do Pânico)?