por Nuno Cobra
O jornal Der Tagesspiegell criticou a postura de Barrichello de 'alma vendida' em relação ao episódio do GP da Áustria. Embora não exista no contrato de Rubinho, uma norma explícita que o obrigue a deixar Michael Schumacher passar, é estabelecido que ele tem que trabalhar em prol do companheiro, o que o coloca automaticamente já na notória posição de número dois.
Não estou aqui para aprovar ou colocar na cruz a atitude de Rubinho, o que passou, passou. Mas na minha opinião esse evento fortaleceu, e muito, a sua carreira. Rubinho ganhou muito mais do que os seus U$12 milhões anuais. Esta brecada abrupta, a alguns metros da chegada, estratégica ou não, promove um ganho emocional muito grande.
Explico:
– Ficou notório que Schumacher não é o todo poderoso
– Schumacher conseguiu a vitória e os pontos através da brecada de Rubens
– Rubinho teve o poder de dar o poder para o tetracampeão
– Schumacher sai enfraquecido emocionalmente do episódio, constrangido por ultrapassar o colega
– Rubinho perde o respeito por Schumacher
Perder o respeito é o mais importante de tudo, porque enquanto se respeita o adversário não se é capaz de vencê-lo. Com certeza Rubinho será uma outra pessoa depois desta corrida. Enfim, ele se torna poderoso e desenvolve o seu corpo emocional e espiritual.
Por que parou, parou por quê?
Nunca saberemos se a forma como Rubinho deixou Schumacher passar foi estratégica e inteligente, para que todo o mundo soubesse que ele deixou o colega ultrapassar, reduzindo drasticamente a velocidade a alguns metros da chegada, ou se foi fruto de uma indecisão que ele postergou até o último instante da prova. Mas com mais uma chance dessas, sua carreira na Fórmula 1 se torna realmente auspiciosa.
A trajetória de Rubinho
Desde que entrou na Ferrari no ano 2000, a desculpa de não ter um carro competitivo, em tese, deixou de existir. Mas acontece que por ser o número dois, Rubinho sofreu um boicote de sua própria equipe, amargando uma série de fracassos, tornando-se alvo de chacotas, na mídia em geral, o que solapou muito a sua auto-estima e, conseqüentemente, o seu corpo físico, mental, emocional e espiritual. A técnica de pilotagem e do manuseio do carro Rubens já domina muito bem, mas precisa recuperar o desgaste do seu corpo (s), presente em outros tempos.
O perfil de Schumacher
Não é à toa que Schumacher é um tetracampeão. Muito mais importante do que ser tecnicamente um bom piloto Schumacher é: arrojado, destemido, agressivo, mete a cara, tem ímpeto e, principalmente, acredita no seu potencial.
O resgate da autoestima através da conquista do corpo
Schumacher dedica quatro horas por dia do seu tempo para fazer exercícios físicos trabalhando ombro, pescoço e toda a musculatura. Através da construção de um bom corpo físico ele constrói um bom corpo emocional, mental e espiritual. Só com esta base é possível se tornar um vencedor em todas as áreas da vida.