Por Dulce Magalhães
Aprendemos a ver o mundo através das lentes recebidas em nosso processo de formação, que começa em casa com a família, passa pela comunidade, pela escola, pela igreja, templo, clube, amigos da rua, enfim, no ambiente cultural em que estamos mergulhados.
Assim, não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos. Vemos a realidade através das formas recebidas, ou como prefere a ciência, dos paradigmas que temos. Para mudar de mundo é preciso mudar de olhar. Ser capaz de rever nossos posicionamentos, opiniões e conceitos e ter abertura para irmos além dos preconceitos.
Sabemos que ninguém tem o monopólio da verdade, contudo já nos batemos em debate para provar que estávamos certos e o outro, naturalmente, errado. Que detínhamos a razão enquanto o outro era limitado demais para ver a verdade. Isso soa até engraçado quando pensamos mais detidamente no assunto.
Porém, esse tipo de comportamento não tem graça nenhuma no campo profissional. Acreditar que é o “dono da verdade”, imbuir-se do personagem de justiceiro que quer provar a todo custo o quanto está certo, é um desperdício de tempo, energia e, especialmente, de inteligência.
Devemos aprender a pensar juntos, cooperar – operar com o outro. Ninguém é tão brilhante sozinho quanto um grupo disposto a unir forças para buscar soluções. A genialidade vem do conjunto. Um primeiro e importante passo para a conquista dessa condição muito acima da média é sermos capazes de abrir mão de nossas posições, simplesmente apresentando ideias e permitindo que ela se torne patrimônio do grupo.
É assim que somamos talentos, doando livremente nossa experiência, ideias e intuições e recebendo com abertura tudo que cada membro do grupo tem a oferecer como possibilidade de solução. É provável que nenhuma ideia chegue pronta e completa, mas se encontra abertura num grupo proativo e cooperativo, as ideias servirão de matéria-prima para a construção de uma solução inovadora e criativa.
Além disso, a cooperação é um estimulante natural para a coesão e motivação de grupos e nos permite um senso fundamental para nossa realização, o sentimento de pertencimento. Ter o prazer de fazer parte de algo é um dos aspectos que mais mobilizam o ser humano para a ação. Perdermos grandes oportunidades de criar verdadeiros campos criativos e motivacionais quando nos entrincheiramos em nossas certezas e consideramos nossa opinião a única válida.
Na empresa, assim como na vida, mais importante que ter razão é ser capaz de acertar e crescer continuamente. Isso só será possível com abertura real de escuta e orientação interna para cooperar e trabalhar com o outro e não, apesar dele. Pense nisso antes de começar um debate para provar seu ponto de vista, lembrando que isso é apenas a vista de um ponto no vasto universo das possibilidades infinitas.