por Roberto Shinyashiki
Hoje, recordo-me de uma de minhas viagens à Índia, onde encontrei um ambiente diferente. O país vivia a comoção da tragédia do tsunami, ocorrido um mês antes. Aquele sofrimento me tocou e achei que deveria ajudar. Fui a Phuket, na Tailândia, uma das regiões afetadas, e me hospedei no mesmo hotel que apareceu nos telejornais sendo invadido pelas águas. Agora funcionava razoavelmente bem.
Vi casas destruídas, jardins arrasados e centenas de árvores arrancadas. Mas a lama já havia sido retirada e certa limpeza reinava. Restaurantes estavam abertos com avisos nas portas pedindo desculpas por não oferecerem a qualidade de sempre. Haveria um show da MTV tailandesa com os artistas mais importantes do país, cuja renda seria destinada às vítimas e à reconstrução de toda a região. Comida, artesanato e brinquedos eram vendidos.
O vice-prefeito da cidade me mostrou o plano emergencial de recuperação. Nos primeiros dias, a prioridade foi salvar vidas. As companhias aéreas tailandesas transportaram gratuitamente de volta para casa os turistas. Perguntei como poderia colaborar e ele me olhou firmemente e disse: ‘Fale da beleza deste lugar às pessoas que encontrar. Conte como lutamos para reconstruir nossa vida’.
A dor dos tailandeses não os impediu de enfrentar a tragédia. Na Índia, o povo se deixou levar por ela e demorava para reagir. Na volta ao Brasil, pensei na diferença de atitude entre esses dois povos. Não tenho direito de julgar o sofrimento de ninguém. Analiso levando em conta apenas as reações dos habitantes de cada país atingido pelo tsunami. Por que os tailandeses foram rápidos e os indianos, passivos?
Transferi a reflexão para a nossa vida. Às vezes, tudo dá errado. Você monta seu consultório com capricho, sofre para pagar equipamentos e, nos primeiros meses, quase nenhum paciente aparece. Batalha para fechar uma venda, mas o cliente assina contrato com outro fornecedor. Prepara uma aula fantástica para os alunos e eles nem prestam atenção. Numa situação assim, há dois caminhos: ou permitir que o problema te paralise ou fazer do drama um trampolim. Vá na segunda alternativa.
Use a regra 10 para 1
Não adianta se torturar com uma autocrítica feroz. Convide o seu companheiro (a) para sair. Se até o romance acabou, chame os amigos mais divertidos, fale sobre outros assuntos, paquere bastante. Mirar o futuro é a melhor maneira de esquecer o passado. No dia seguinte, pratique a regra 10 para 1. Para cada coisa que não deu certo, faça dez para dar certo.
Hoje, me dou ao luxo de escolher meus clientes. No começo não foi assim. Ocorreu de eu organizar um seminário para 30 pessoas e haver apenas três inscritos. Quase desisti. Mas usei a regra do 10 para 1. Para cada cancelamento, dei dez telefonemas. Liguei para amigos e familiares pedindo indicações de possíveis participantes. A sala quase lotou.
Todos nós nos sentimos na última colocação em algum momento. Porém, o perdedor fica olhando para o que perdeu, enquanto o vencedor chora, levanta a cabeça e volta à luta. Por pior que seja a situação, comece a fazer planos para o futuro e converse sobre eles com as pessoas mais próximas. Se olhar para a frente, não vai deixar que um fracasso atrapalhe seu projeto de ser feliz.”