E-mail enviado por uma leitora:
“Boa tarde! Quando a gente fica muito tempo num emprego, nos acomodamos e acabamos, mesmo sem nos dar conta, a criar certos vícios, ou erros, que podem levar a uma demissão. A senhora teria condições de me dizer quais são estes erros mais comuns para ver se estou cometendo algum deles? Muito obrigada.”
Resposta: A principal questão, que você chama de erro, é deixar de lado, acomodar-se, esquecer de se desenvolver pessoal e tecnicamente. Isso certamente levaria a empresa a entender que o colaborador não se automotiva e não tem planos para o futuro. Costumo dizer que quem sabe o que quer, também levará adiante o que a empresa pretende para seu negócio, de maneira mais assertiva. Sendo assim, ser bem resolvido com o seu próprio planejamento se espelha em conseguir alcançar as metas às quais a organização deseja cumprir. Que sabe aonde quer chegar consegue desenvolver a habilidade de “espírito de dono”, tão necessária atualmente.
Cada dia um aprendizado
Ou seja, se a pessoa estacionar, pensando que o que faz, sabe e aprendeu já é suficiente, ela ficará para trás, ainda mais em um mercado competitivo como o atual. Sendo assim, todo dia é dia de aprender algo novo, que agregue às habilidades já desenvolvidas. Este cenário é ruim tanto para você, como pessoa, que paralisa seu desenvolvimento, pois acaba esperando que da empresa venha o investimento em sua própria carreira, quanto para a empresa, que poderia ter um colaborador mais bem preparado, desenvolvendo ainda melhor as atividades, com mais performance e melhores resultados, inovação e criatividade.
O mais comum é o colaborador acreditar que cursos, formações, certificações, mudanças, devam partir da iniciativa do líder e não dele mesmo. Desta maneira, se espera alcançar algo apenas quando o outro fornece, afinal, investimentos em si mesmos são vistos como gastos e não como grandes oportunidades de desenvolvimento.
Acomodar-se é deixar de contribuir com a empresa, consigo e com os clientes, permitindo oferecer um serviço inferior. Afinal, já nos diz o ditado: “pedra que rola não cria limo”, ou seja, não embolora, não estaciona, não deixa de se aventurar em novos horizontes. Sendo assim,
colaborador que investe em si mesmo sempre tem lugar ao sol. Tem uma frase que inventei e que amo: “Aprender nunca é demais e não ocupa espaço”. Temos infinitos recursos cognitivos para buscar conhecimento, diariamente. Quem estuda e se aperfeiçoa, se apaixona pelo
conhecimento! Quem paralisa, para também seu cérebro e o desenvolvimento de novas conexões neuronais, então, além de tudo isso, faz mal para a saúde!
E como você deve lidar com isso?
Comece desde já verificando os perfis das vagas anunciadas, o que eles pedem? O que os profissionais que se destacam na área na qual você atua tem em seu currículos? Quais competências técnicas e comportamentais estes profissionais possuem? Após isso, anote como você alcançará cada uma dessas habilidades, colocando ao lado o tempo e os recursos que serão usados para concluir isso, exemplo:
Inglês avançado – concluirei em 1 ano e ½ – preciso renovar a matrícula na escola de idiomas – gastarei X por mês – farei 2 aulas por semana – iniciarei em outubro de 2019. Desta forma, você estará ciente do que deve fazer e de como deve fazer, se planejando concretamente.
Faça networking
Outro problema de se acomodar é deixar de fazer networking, trocar com diferentes grupos, pessoas e realidades, conhecendo mercados e segmentos diversos, bem como novas ferramentas e tecnologias. A grama do vizinho às vezes realmente é mais verde, pois ele cuidou melhor dela, e se você tiver a oportunidade de visitar seu jardim, poderá perguntar qual adubo ele usa, ou seja, quais conhecimentos o fizeram chegar até ali. Esta troca não tem preço!
Cultura da acomodação
Algumas empresas têm em seus quadros de colaboradores a maior parte desmotivada e estacionada, tendo sua cultura como a da acomodação. Dessa maneira, todos acreditam estar fazendo o certo, já que “todo mundo é assim”. Uma empresa que não estimula troca de conhecimento e aprendizado, não se renova, não aumenta sua performance e, no limite, não conquista novos clientes. Vi muitas empresas morrerem assim e, neste tipo de cenário, aquele que busca novos saberes muitas vezes é visto como “ovelha negra”, o chato inovador, o que o faz migrar de empresa, por entender que não tem espaço ali; a organização, então, perde talentos.
Salário alto e acomodação
Outro problema é se acomodar com o salário ganho, às vezes até mais alto do que o mercado paga e com o tempo de casa, pensando em direitos trabalhistas e nas vantagens externas em continuar naquele cenário. A resposta para isso é avaliar o quanto de propósito se coloca naquele trabalho e se vale continuar nessa situação apenas por dinheiro ou benefícios. O vício pior é deixar de pensar fora da caixa, o que acaba se estendendo para todas as demais áreas da vida e todos os relacionamentos, matando oportunidades.